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Cara-de-pau ou ganância? É difícil encontrar um termo apropriado para classificar o comportamento dos bancos na mesa de negociação da Campanha Nacional Unificada dos Bancários. Depois de fazer propostas rebaixadas em relação a salário e tíquete, nesta quarta-feira (24/8) a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) tentou impor uma participação nos lucros (PLR) rebaixada em relação a do ano passado.

José Ferreira, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, e integrante do Comando, lembrou que os lucros dos bancos têm crescido acima da inflação. “Esse lucro é resultado do trabalho da categoria bancária, muitas vezes para atingir metas absurdas. Logo, o reconhecimento deste trabalho deve ser transformado numa proposta que atenda às reivindicações dos bancários que apontaram em pesquisa ser muito importante a valorização da PLR”, disse.

Os bancos querem retirar direitos, compensando programas próprios na parcela adicional e reduzir o percentual distribuído em PLR. Diante dos protestos de todos os integrantes do Comando Nacional dos Bancários, que negocia em nome da categoria, os representantes dos bancos pediram ‘um tempo’ para discutir o que fazer diante da rejeição da proposta indecente. Até a postagem desta matéria, ainda mão tinham retornado à mesa de negociação.

Segundo análise do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) a proposta para a PLR apresentada distribui um percentual menor dos lucros dos bancos, ainda que os valores nominais sejam maiores. Em 2021 os bancos distribuíram em média uma parcela fixa de 4,97%, mais 1,69% do lucro; se aplicada a regra proposta agora, estes percentuais seriam de respectivamente 4,89% e 1,63%.

Os quatro maiores bancos brasileiros com ações na Bolsa já divulgaram seu resultado do quarto trimestre de 2021. Com isso, o lucro líquido consolidado de Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander Brasil somou R$ 81,63 bilhões no ano passado. De acordo com a empresa de informações financeiras Economática, o total é o maior valor nominal já registrado desde 2006.