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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Imprensa SeebRio
Em uma live feita pelo Zoom nesta segunda-feira (15/8) à noite com a participação de presidentes e diretores de diversos sindicatos do estado do Rio de Janeiro, e mais de 150 bancários, foi avaliado que a Campanha Nacional Unificada passa por um período que exige uma participação ainda maior da categoria. Mesmo tendo tido lucros recordes, os bancos estão negando tudo que vem sendo reivindicado na mesa de negociação pelo Comando Nacional dos Bancários e já se chegou à décima rodada sem a apresentação de qualquer contraproposta.
No debate virtual chegou-se à conclusão de que para mudar esta realidade e fazer avançar a mesa única de negociação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com a Fenaban e as específicas por banco é necessário aumentar a pressão. “E este aumento da pressão deve ser feito através de paralisações e protestos de rua, mas também com postagens maciças por parte da categoria de mensagens nas redes sociais criticando os banqueiros, fazendo com que este assunto seja o mais comentado das redes. Esta forma de luta é essencial porque desgasta a imagem dos bancos, tendo grande repercussão na mesa de negociação”, avaliou Adriana Nalesso, presidenta da Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores do Ramo Financeiro (Federa-RJ), entidade organizadora da live, e integrante do Comando Nacional.
Dia Nacional de Luta
José Ferreira, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, e também membro do Comando, defendeu a realização de fortes mobilizações no dia 19, com paralisações e protestos nas agências, como parte do Dia Nacional de Luta, convocado tanto pelo Comando, quanto pela Contraf-CUT, federações e sindicatos. Como presidentes de sindicatos de bancários de outras bases do estado, Ferreira frisou a importância de combinar a mobilização para a renovação da CCT, com o processo eleitoral deste ano, cuja campanha começa oficialmente nesta terça-feira, com vistas às eleições de 2 de outubro.
“É preciso ter em mente que o atual governo está do lado dos bancos e das grandes empresas, contra os trabalhadores e a democracia e, por isto mesmo, precisa ser derrotado nas urnas. O governo vem durante todo o seu mandato retirando direitos trabalhistas, previdenciários, retirando verbas da saúde, da educação, legislando através de seguidas medidas provisórias tentando autorizar o trabalho bancário aos sábados e domingos, retirando o direito aos tíquetes e auxílio-babá e fixando regras de teletrabalho sem limite de jornada ou pagamento de horas-extras, entre outros ataques”, lembrou Ferreira.
Acrescentou que há muitos outros direitos em risco em projetos de lei e em MPs de Bolsonaro que o movimento sindical conseguiu impedir a votação neste momento, mas que continuam na pauta do Congresso Nacional. O presidente do Sindicato de Campos, Rafanele Pereira, ressaltou, por isto mesmo, a importância de mudar o governo, mas também eleger uma base parlamentar formada por candidatos da oposição, para garantir a aprovação de projetos voltados para os trabalhadores e para a população.
Bancos públicos
As rodadas têm sido duríssimas, com muita enrolação e ameaças de ataques aos direitos, também nas negociações específicas dos bancos públicos, sob o controle do governo federal. Rogério Campanate, que negocia com a Caixa e o BNDES, disse que o primeiro tem se resumido a não responder a nada. “Já no BNDES, os empregados, tendo em vista o que dita o controlador, decidiram pela renovação do acordo específico. Mas nem isto a diretoria do banco aceitou, condicionando a assinatura à discussão do plano de saúde que sequer estava na mesa, numa evidente manobra para retirar direitos”, disse.
Rita Mota, da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), disse que a empresa tem insistido em não responder à minuta e em manter ferramentas que prejudicam os funcionários, como o programa Performa. “Um dos prejuízos que este programa provoca é a redução da remuneração fixa incorporada, com impacto no salário, mas também no FGTS, contribuição previdenciária, para a Previ e para a Cassi”, exemplificou.
Deboche da Fenaban
Jorge de Oliveira, presidente do Sindicato dos Bancários de Niterói, disse que os lucros bilionários e crescentes dão aos bancos todas as condições de atender aos bancários, que são os que permitem que estes resultados sejam obtidos e que por isto deveriam ser valorizados e não são, muito pelo contrário. Cláudio Mello, presidente do Sindicato dos Bancários de Teresópolis, classificou como um ‘deboche’ os dados de uma consultoria contratada pela Fenaban, tentando mostrar que as metas abusivas não causam o adoecimento da categoria bancária. “É uma tentativa de deslegitimar o resultado da pesquisa nacional feita pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) comprovando que uma das maiores queixas da categoria bancária é a pressão das metas, causadora de adoecimento físico e mental”, criticou.
Marcos Alvarenga, presidente do Sindicato dos Bancários de Petrópolis, lembrou que a minuta de reivindicações foi entregue à Fenaban em 15 de junho. “Hoje é 15 de agosto. São dois meses de enrolação de um setor cuja lucratividade é altíssima, um verdadeiro acinte a toda a sociedade brasileira que sofre com a crise econômica e social causada pelo governo e sua política econômica que privilegia o sistema financeiro. Esta situação tem que ser denunciada à sociedade nas paralisações que fizermos no dia 19 e também nas redes sociais, para desmentir a propaganda que tenta passar a imagem de que os bancos são muito bonzinhos com a população”, afirmou.
Júlio Cesar, presidente do Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense, lembrou do aumento expressivo do número de demissões feitas a pedido como uma clara confirmação da gravidade das consequências das metas abusivas. “Ninguém aguenta mais, esta que é a verdade”, disse.
O vice-presidente da Contraf-CUT, Vinicius Assumpção, avaliou que a demora numa solução para as negociações acontece em função das eleições deste ano. “Isto porque são dois projetos (Lula e Bolsonaro) completamente distintos e que vão balizar o comportamento de amplos setores da economia. Um defende o crescimento econômico, do emprego e da renda, o outro a estagnação econômica, o corte de direitos, a concentração da renda. Por isto é nosso papel aumentar a pressão nas ruas e nas redes sociais, para o avanço das negociações, mas também defendendo a mudança de governo para reconstruir o país”, defendeu.