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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Internado desde 25 de julho para tratar de uma pneumonia, o humorista morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 84 anos
247 - Morreu na madrugada desta sexta-feira (5) o icônico ator, escritor, diretor e humorista Jô Soares, aos 84 anos. Ele estava internado desde 25 de julho no Hospital Sírio-Libanês para o tratamento de uma pneumonia.
Mesmo como apresentador do “Programa do Jô”, da TV Globo, Jô nunca se calou diante de uma das maiores traições da história recente do Brasil: o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Em dezembro de 2014, durante seu programa na emissora que apoiou a derrubada inconstitucional de Dilma, Jô já alertava para o golpe que estava por vir.
À época, o Congresso Nacional discutia uma alteração na meta do superávit primário, proposta defendida pelo apresentador. "Torcer para que essa lei não seja aprovada é torcer contra o Brasil. Não fechar as contas não é muito pior?", questionou. "E a oposição está batalhando por isso", acrescentou.
A jornalista Ana Maria Tahan comparou o momento com o do ex-presidente Fernando Collor, que sofreu impeachment e o Brasil "sobreviveu". Jô discordou: "o Brasil vivia um outro momento [na época de Collor], era uma coisa inteiramente nova no Brasil acontecer isso, os caras pintadas na rua... isso sim teve uma repercussão positiva no mundo inteiro. Mas um impeachment, hoje, da nossa presidente, que acabou de ser reeleita, é golpe. Para mim é golpe".
Meses depois, em abril de 2015, Jô voltou a defender Dilma. "Agora eu tenho muito medo dessa vitimização da presidente da República. Eu acho isso meio inconcebível. Estão fazendo dela uma vítima de uma eleição que foi absolutamente legítima".
Ana Maria Tahan respondeu o apresentador. "Me desculpa, Jô, mas ela está pagando pelos erros dela mesma". "Mas isso vale o 'Fora Dilma'?", questionou Jô.
Além de ter ficado do lado certo da história na ocasião do golpe contra Dilma, o humorista também acertou ao se opor de maneira firme ao fascismo que adentrou no Brasil com a ascensão de Jair Bolsonaro (PL). Já em dezembro de 2014, Jô repreendeu um rapaz que, durante o "Programa do Jô", gritou em apoio ao então deputado Bolsonaro.
A edição do programa havia exibido um vídeo de Bolsonaro dizendo que não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) porque ela "não merece". O rapaz então gritou: "viva, Bolsonaro!". Jô reagiu: "quem foi que gritou esse absurdo? Maluf está na plateia? Quem que gritou? É só para eu saber". O rapaz se identificou levantando o braço após alguns segundos de silêncio e tentou se justificar: "eu entendi o que ele quis dizer. Ele foi autor de um Projeto de Lei para castração química de estrupador (sic). Ele não quis fazer apologia. Eu acredito que deu no contexto da fala dele".
Jô novamente rebateu: "eu já ouvi muita bobagem na minha vida, mas essa supera o Bolsonaro".
Anos depois, em novembro de 2019, quando o governo Bolsonaro estava perto de completar um ano, Jô comparou Bolsonaro a um animal e perguntou até quando o chefe do governo federal abusaria da paciência dos brasileiros.
Em carta aberta a Bolsonaro em junho de 2020, ele destacou as ligações de Bolsonaro com o nazismo, destacando o "SS" - uma referência à organização paramilitar do partido nazista - ao se dirigir ao ocupante do Palácio do Planalto. “VoSSa Redundância é o 1º presidente patafísico do mundo”.