Quinta, 04 Agosto 2022 14:47
POVO EXPLORADO

Governo Bolsonaro eleva de novo os juros endividando ainda mais a população

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Quando partidos de esquerda acusavam a chamada “autonomia” do Banco Central para os bancos controlarem a política monetária, elevando os juros para ganhar ainda mais dinheiro, muita gente achava que era apenas discurso ideológico. No entanto, o governo Bolsonaro, que tem a frente do BC Roberto Campos Neto, executivo que trabalhou durante anos no Santander, voltou a elevar a Selic, a taxa básica de juros do país. Este ano, último da atual gestão com a economia comandada pelo banqueiro Paulo Guedes – e todas as pesquisas indicam uma possível vitória do ex-presidente Lula – os juros dispararam. Em junho, a Selic estava em 4,25% e na última quarta-feira (3 de agosto) chegou a 13,75%. A elevação acaba repercutindo sobre as taxas aplicadas pelo sistema financeiro no rotativo do cartão de crédito, empréstimos e financiamentos.  

O modelo dos bancos

O país permanece com a economia patinando ante a explosão inflacionária e o velho modelo econômico rentista, no qual o BC toma como única providência elevar os juros, agravando a recessão e endividando ainda mais a população. O percentual de famílias em inadimplência bateu novo recorde, chegando abril a 28,6% do total de famílias. Isso representa aumento de 0,8 ponto em relação ao percentual de março e 4,3 pontos maior que o verificado em abril de 2021. Além dos milhões de brasileiros humilhados no SPC, 775 dos brasileiros estão enrolado no cartão de crédito, especialmente em função da alta dos alimentos, o que leva o consumidor a utilizar o cartão para fazer compras em supermercado, elevando as dívidas dos brasileiros para com os bancos e financeiras. 

“O aumento de juros é mais um ataque aos assalariados pois provocará subtração da renda em favor dos bancos, já que pesquisas apontam um alto endividamento das famílias”, avalia o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio José Ferreira.

O Brasil tem os mais altos juros do mundo, superando circunstancialmente no momento pela Rússia, em consequência da guerra na Ucrânia e das sanções econômicas dos EUA e da Europa ocidental a Moscou.

“Com tanto dinheiro acumulado com os juros aplicados no país e os lucros crescentes, os bancos não têm mesmo qualquer justificativa para não atender as reivindicações de nossa categoria”, acrescentou Ferreira.

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