Quarta, 03 Agosto 2022 16:31
CAMPANHA SALARIAL

Bancos protelam resposta e negociação de cláusulas econômicas continua na segunda (8)

Comando Nacional dos Bancários cobra 5% de aumento real mais a inflação (INPC) e reajuste ainda maior dos vales refeição e alimentação
O Comando Nacional cobrou aumento real mais a inflação e índices ainda maiores nos tíquetes. Bancos ainda não deram resposta. PLR ficou para a negociação de segunda-feira (8) O Comando Nacional cobrou aumento real mais a inflação e índices ainda maiores nos tíquetes. Bancos ainda não deram resposta. PLR ficou para a negociação de segunda-feira (8)

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

 

Encerrou na tarde desta quarta-feira (3), a primeira negociação do Comando Nacional dos Bancários com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) sobre as cláusulas econômicas da pauta de reivindicações da Campanha Nacional 2022. Os bancários reivindicam a reposição da inflação (INPC), mais um aumento real de 5%. Já para os tíquetes refeição e alimentação, a categoria quer um índice ainda maior, em função da carestia nos preços dos alimentos e da comida em restaurantes.

“É o mínimo que se espera de um setor que vem tendo lucro ano após ano enquanto a população sofre com a alta da inflação, principalmente nos alimentos que compõem a cesta básica”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional.

Os sindicalistas culparam, mais uma vez, a política econômica do governo Bolsonaro pela alta da inflação, especialmente nos preços da alimentação que afeta toda a classe trabalhadora e ainda mais os mais pobres.
A Consulta Nacional realizada pela Contraf-CUT apontou que 92% dos bancários consideram que o aumento real é a prioridade da campanha nacional deste ano e 62% querem um aumento ainda maior nos vales alimentação e refeição.

O Comando da categoria lembrou na mesa de negociação que o lucro líquido dos maiores bancos do país cresceu 190% acima da inflação entre 2003 e 2021 e que, no 1º trimestre de 2022, os ganhos cresceram 15,4%, mantendo uma alta rentabilidade, bem acima de empresas do mesmo porte de outros setores da economia. No caso da indústria e do comércio, nos dois anos de pandemia da covid-19, houve redução no crescimento, ao contrário do sistema financeiro, que não para de crescer.

As desculpas dos bancos

Os representantes dos bancos alegaram que “existe dificuldade para aumento maior do VA e VR porque o governo alega que os bancos usam os vales para aumentar a remuneração da categoria sem que haja possibilidade de tributar os valores”.

O curioso é que quando se trata de tirar dinheiro nos ganhos bilionários dos banqueiros e grandes acionistas, como nos lucros e dividendos, o governo Bolsonaro não chia da ausência absoluta de tributação. No mundo capitalista, apenas o Brasil e Estônia, país mais pobre da Europa, não cobram o imposto sobre este faturamento fabuloso do setor especulativo.

A Fenaban citou ainda a Medida Provisória do governo Bolsonaro que altera as regras do vale-alimentação para aguardar uma posição sobre o tema. A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (3), a MP que trata do teletrabalho e inclui, no pacote, novas regras para os tíquetes, segundo o governo, para evitar fraudes e o uso do benefício para compra de outros produtos que não sejam comida.

Despesas dos bancos caíram

Desde 2017, as despesas dos bancos com pessoal caíram 15% em termos reais. A remuneração média da categoria caiu 2% em termos reais desde 2014 o que, somada à redução do emprego, levou a uma redução na massa salarial do setor de 20% desde 2014. Se considerado um período maior, desde 2004, quando a categoria passou a obter ganhos reais nos salários, a remuneração média dos bancários cresceu 12%. No mesmo período, o lucro dos bancos aumentou 222%, um percentual extraordinariamente maior do que os ganhos da categoria.

“Nada justifica os bancos não atenderem os índices reivindicados pela categoria no reajuste salarial e o aumento ainda maior nos tíquetes, pois apesar da conquista do aumento real ter sido preservada graças a mobilização dos bancários durante todos estes anos, os bancos tiveram uma pesada redução em seus custos com a automação, ampliando as plataformas digitais e fechando agências, inclusive demitindo milhares de trabalhadores e os lucros do setor foram muito maiores e não param de crescer”, disse o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira, que participou da negociação.

Rentabilidade subiu

Dados da Economática mostram que os bancos foram o setor econômico com maior lucro líquido entre as empresas de capital aberto (com exceção de Vale e Petrobrás) em 2021, com quase o dobro do resultado do segundo setor econômico mais lucrativo, que foi o de energia elétrica

A rentabilidade média dos bancos, desde 2003, ficou muito acima da inflação, nos últimos cinco anos, em média, 3,2 vezes acima do IPCA. Em 2021, a rentabilidade dos maiores bancos no Brasil ficou quase cinco pontos percentuais acima da rentabilidade dos maiores bancos nos EUA.
Na reunião desta quarta-feira foram tratadas todas as cláusulas econômicas da minuta, exceto as sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e sobre a remuneração variável, que estarão na pauta da próxima reunião, que será realizada na segunda-feira (8).

Mídia