Quinta, 28 Julho 2022 20:40

Fenaban quer cortar custos com segurança, colocando em risco a vida de bancários e clientes

Negociação virtual entre o Comando dos Bancários e a Fenaban, nesta quinta-feira (28/7) Negociação virtual entre o Comando dos Bancários e a Fenaban, nesta quinta-feira (28/7)

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Na negociação virtual da Campanha Nacional Unificada desta quinta-feira (28/7), a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) deixou claro que pretende reduzir custos com segurança. O Comando Nacional dos Bancários protestou frisando que com isto os bancos aumentam os riscos para a vida da categoria bancária e dos clientes.

Logo na abertura da rodada sobre Segurança Bancária, a Fenaban apresentou dados de uma pesquisa para tentar justificar a decisão, mostrando ter havido nos últimos cinco anos uma redução dos ataques a banco – entre assaltos e tentativas de assaltos. O presidente do Sindicato, José Ferreira, membro do Comando, frisou que a redução da segurança faz parte da política de corte de custos a qualquer preço, mostrando que os bancos priorizam somente a obtenção de mais lucros, visando a ampliação do modelo de agências de negócios, sem portas giratórias e vigilantes.

“Por ser uma questão tão importante já que envolve a vida de bancários e clientes, reivindicamos a formação de um grupo de trabalho para analisar os dados fornecidos e apresentar propostas que não estariam condicionadas ao prazo de 31 de agosto, quando a Convenção Coletiva de Trabalho deve ser assinada, sendo incluídas num acordo aditivo. Mas a Fenaban foi intransigente afirmando que o assunto tem de ser resolvido até a assinatura da CCT”, afirmou.

Retrocesso

O Comando classificou a medida como um retrocesso nas cláusulas conquistadas ao longo de décadas pela categoria bancária. “Se os dados estiverem corretos a redução dos ataques a banco diminuíram não porque a violência no país foi reduzida, mas porque as normas de segurança adotadas inibiram a ação dos assaltantes. Tirar portas giratórias e acabar com a presença de vigilantes, entre outras medidas, terá como consequência lógica o crescimento dos ataques a agências”, ressaltou Ferreira.

“Depois de anos de números crescentes de ataques a bancos, conseguimos avançar na mesa bipartite de segurança bancária com a instalação de vários itens de segurança nas agências, sendo a instalação das portas de segurança a maior conquista. Mas, agora os bancos estão indo na contramão”, lembrou Elias Jordão, secretário de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

De acordo com pesquisa feita em 2020, em parceria entre a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a Confederação dos Trabalhadores em Segurança Privada (Contrasp) e a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), ocorreram 839 ataques no setor: 321 explosões ou arrombamentos de caixas eletrônicos, 439 assaltos ou tentativas, 34 ataques a carros-fortes e 45 saidinhas bancárias, além de 40 assaltos a correspondentes e outros 86 a agências dos Correios ou lotéricas. Ao todo, ocorreram seis mortes naquele ano.

Bancos contra a lei

A Lei Nacional de Segurança Bancária obriga, para o funcionamento de um estabelecimento financeiro, a existência de um sistema com vigilantes bem preparados, protegidos e armados, e câmeras de monitoramento, além de mais um item a critério das instituições, como a porta giratória, definida em acordo com a categoria. Ao longo de negociações entre entidades sindicais e os bancos, também foram incluídos alarme interligado com outra unidade da instituição, empresa de segurança ou órgão policial; cofre com temporizador; e biombos para separar a área dos caixas e filas. O plano de segurança deve ser fiscalizado pela Polícia Federal.

Durante a pandemia, os bancos investiram na implantação de lojas de negócios, em substituição das agências. Com essa mudança, começou a retirada das portas giratórias e de vigilantes. Os bancos alegam não existir manuseio de numerário nessas unidades para manter o mesmo sistema de segurança que tem funcionado bem. 

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