Sexta, 22 Julho 2022 13:59

Julho das Pretas: o Brasil, mais do que nunca, precisa debater o racismo

25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra
Mulheres pretas sofrem dupla discriminação, de raça e gênero. O Brasil precisa debater o fim do racismo Mulheres pretas sofrem dupla discriminação, de raça e gênero. O Brasil precisa debater o fim do racismo Antonio Cruz/Agência Brasil

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Com informações da Contraf-CUT

 

Na próxima segunda-feira, 25 de julho, é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. A ONU reconhece a data desde 1992, quando ocorreu o 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe. No Brasil, o dia passou a ser reconhecido em 2014, através de decreto nacionalmente pela então presidenta Dilma Rousseff. Os movimentos negros promovem o “Julho das Pretas” para marcar a data.

“Vivemos num país racista, em que setores que têm a discriminação e o preconceito como ideologia se veem representados pelo governo Bolsonaro. E as mulheres pretas são duplamente discriminadas, por raça e gênero. Este é um debate que precisa ser de toda a sociedade”, avaliou o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Almir Aguiar.
“É uma data muito importante, primeiro porque nós, mulheres latino-americanas e caribenhas, nos conectamos umas com as outras. E podemos dar visibilidade às nossas pautas, políticas públicas que queremos para tirar nossas irmãs desse lugar subalterno que a sociedade insiste em colocar. Sabemos que as mulheres negras são as primeiras atingidas numa crise, numa recessão, são as primeiras a ocupar esse lugar de desemprego”, explicou a secretária de Assuntos da Mulher da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Nordeste (Fetrafi/NE), Cândida Chay.

Violência

O total de mulheres negras vítimas de homicídios subiu de 2.419, em 2009, para 2.468 em 2019, um crescimento de 2%. No mesmo período, o número de mulheres não negras assassinadas caiu 26,9%, passando de 1.636 para 1.196, segundo dados do Atlas da Violência publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) realizada em 2021.

Discriminação nos bancos

No setor bancário, a mulher preta representa apenas 1,1% das que estão em cargos de liderança. A remuneração média delas é 59% da média do que ganham homens brancos.

“Precisamos levar em consideração estes dados e avaliar projetos de afirmação e contra a discriminação de mulheres negras na hora de votar nas eleições 2022”, afirma Almir, que defende a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de parlamentares negros e negras que sejam engajados nos movimentos sociais. “Temos que derrotar este governo racista, machista e homofóbico”, acrescentou Almir.

Quem foi Tereza de Benguela

Tereza de Benguela viveu no século XVIII e foi casada com José Piolho, chefe do Quilombo Quariterê, localizado na divisa do Brasil com a Bolívia no atual estado do Mato Grosso. Com a morte do marido, ela passou a reinar a comunidade negra e indígena, resistindo à escravidão por duas décadas, até por volta de 1770, quando, após várias incursões, o quilombo foi destruído pelas forças da capitania mato-grossense. Ela implantou novos modelos de produção, como o uso de ferro na agricultura. Na parte de defesa, ela liderou as ações contra os bandeirantes coordenando um forte aparato de defesa e organizando ações em benefício da comunidade quilombola.  

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