Sexta, 22 Julho 2022 11:08

Policiamento segue reforçado no entorno do Alemão após operação com 18 mortos

Ação é a quarta mais letal da história do Rio e a terceira em pouco mais de um ano
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O Dia
Rio - Policiais do Batalhão de Choque seguem reforçando o policiamento no entorno do Complexo do Alemão, na Zona Norte, desde a madrugada desta sexta-feira (22). Ação ocorre após operação conjunta das polícias Militar e Civil, nesta quinta-feira (21), que deixou 18 mortos, sendo 16 suspeitos e dois inocentes.

De acordo com a corporação, equipes realizam patrulhamento na região e também estão em pontos estratégicos na Avenida Itaóca, Avenida Adhemar Bebiano, Estrada do Itararé na Rua Paranhos. Por volta das 7h42 e das 8h42 desta sexta, o Instituto Fogo Cruzado registrou ocorrência de tiros no Complexo do Alemão.

No início da noite de ontem, durante uma coletiva de imprensa, as polícias Civil e Militar confirmaram as 18 mortes, sendo 16 suspeitos e dois inocentes, entre eles, o cabo Bruno de Paula Costa, de 38 anos. O objetivo da ação era localizar e prender cerca de 100 criminosos que pretendiam sair do Alemão para praticar roubos e invasões em outras comunidades.
O tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar do Rio, falou ao Bom Dia Rio, da TV Globo, sobre a importância de operações como a do Alemão para coibir o aumento na criminalidade atuante no Rio de Janeiro.

"O que a gente observa é o avanço constante dessa quadrilha, que insiste no investimento em armas de fogo, insiste em colocar uma juventude pobre e favelada com armas na mão e sustentar fogo. E eles sacrificam essa juventude da favela para poder garantir a proteção das suas vidas, da sua liberdade. Os criminosos do Complexo do Alemão que investem em ataques a shoppings, roubo a banco, roubo de cargas e roubo de veículos, eles sacrificam sua própria população. Eu fico muito estarrecido em ver muitas manifestações de pessoas que dizem que operações como essa são inúteis. Elas são necessárias para poder deter um avanço emergencial dessas quadrilhas", esclareceu.
De acordo com ele, as mortes de Letícia Marinho, de 50 anos, e do cabo Bruno de Paula podem ser entendidas como o custo da operação. "Eles dois acabam representando o custo dessa operação. Não tem resultado operacional que seja comemorado com a morte desses dois inocentes, mas a gente precisa entender que operações como essa representam o que aquilo que chamamos de 'enxugar gelo'. É fundamental que a gente possa enxugar o gelo, que tenha alguém para enxugar esse gelo, porque senão a sociedade vai morrer afogada", disse ele.

De acordo com o segundo o tenente-coronel Uriá Nascimento, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), estes traficantes usavam roupas similares às fardas das polícias Militar e Civil para dificultar a localização dos mesmos. O setor de inteligência da PM identificou que esta quadrilha praticava roubos de veículos principalmente nas áreas dos bairros do Grande Méier, Irajá e Pavuna.
Operação foi a quarta mais letal da história do Rio

Com a confirmação das 18 mortes, a operação no Complexo do Alemão se tornou a quarta mais letal da história do Rio de Janeiro, ficando atrás das ações que ocorreram no Jacarezinho, na Zona Norte, em maio de 2021, onde 28 pessoas morreram, na Vila Cruzeiro, em maio de 2022, quando 25 foram mortas, e uma outra ocorrida em junho de 2007, também no Alemão, que teve registro de 19 mortos.

Em pouco mais de um ano, o Rio teve três das quatro operações mais letais da história. As ações juntas tiveram 71 mortos.

Dados coletados pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (Geni/UFF) apontaram que a Polícia Civil é mais letal que a Militar e que há um aumento significativo de mortes durante as operações policiais. De acordo com eles, "no período de 2007 a 2021, foram realizadas 17.929 operações policiais em favelas na Região Metropolitana do Rio, das quais 593 terminaram em chacinas, com um total de 2.374 mortos. Isso representa 41% do total de óbitos em operações policiais no período."

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