Quarta, 13 Julho 2022 15:26
O 'CRIME' É A COR DA PELE

Justiça cancelou cassação de Renato Freitas, vereador de Curitiba que sofre ataques racistas

Justiça cancelou cassação de Renato Freitas, vereador de Curitiba que sofre ataques racistas Imagem: Contraf-CUT

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O vereador de Curitiba Renato Freitas (PT), cassado pela CÂmara de Vereadores de  Curitiba por ter realizado um protesto contra o racismo no interior de uma Igreja Católica, teve seu mandato recuperado através de ação judicial, por decisão liminar da desembargadora Maria Aparecida Blanco de Lima, da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), no último dia 5 de julho (quarta-feira).

 A magistrada considerou que a cassação não tem validade porque a defesa do vereador não foi intimada dentro do prazo processual necessário.

“Renato, um jovem negro da periferia e muito ativo na luta contra o racismo e em defesa da comunidade negra é vítima de racismo de vereadores de direita e está sendo perseguido por isso. Esperamos que seja feita justiça e ele tenha, em definitivo, o seu mandato de volta”, disse o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar.

Igreja é contra cassação

Renato, durante a tramitação do processo de cassação na Câmara de Vereadores, sofreu ameaças e recebeu manifestações racistas por email atribuído ao relator do processo, vereador Sidnei Toaldo (Patriotas), que o chamava de “negrinho”, dizia que ele devia ir “de volta à senzala” e que “vamos branquear Curitiba e a região Sul, queira você ou não”, além de outras agressões.

A própria Arquidiocese de Curitiba enviou uma carta à Câmara, solicitando que Renato não perdesse o mandato, não vendo motivos para a cassação por causa de seu protesto feito na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. A entidade religiosa disse que ele “cometeu certos excessos ao ocupar um local sagrado”, mas não interrompeu a missa. Por isso, pediu “punição proporcional aos fatos”. A carta dizia que a “manifestação contra o racismo é legítima, fundamenta-se no Evangelho e sempre encontrará o respaldo da Igreja”. A arquidiocese também declarou reconhecer “no vereador o anseio por justiça em favor daqueles que historicamente sofrem discriminação em nosso país. A causa é nobre e merece respeito”.

"Se a Igreja Católica, que manteve uma posição que preserva valores cristãos diz que não há razão para a cassação, fica ainda mais claro que o jovem vereador está sendo perseguido por puro racismo de seus pares no parlamento curitibano”, completou Almir.

 

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