Segunda, 27 Junho 2022 19:28

Sindicatos defendem jornada de quatro dias para gerar mais empregos

Bancários debateram emprego e terceirização em mesa de negociação com a Fenaban. Redução de jornada já é realidade em países mais desenvolvidos

O Comando Nacional dos Bancários, em caminho oposto ao Projeto de Lei 1043/2019, pautado pelo governo Bolsonaro no Congresso Nacional e que prevê o trabalho de bancários nos finais de semana, propôs a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) a redução da jornada para quatro dias na semana. A ideia foi apresentada na manhã desta segunda-feira (27) com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) na segunda mesa de negociação da Campanha Nacional 2022. Os sindicatos defenderam ainda a garantia dos empregos e o fim das terceirizações.
A audiência Pública na Comissão de Direito do Consumidor da Câmara dos Deputados que irá debater sobre o projeto que prevê o trabalho dos bancários nos finais de semana, foi transferida desta terça (28) para o dia 6 de julho, às 9h (confira mais detalhes em nosso site).
“A nossa proposta tem por objetivo gerar mais empregos e melhorar a qualidade de vida e a saúde, reduzindo a intensidade do trabalho. Defendemos ainda o fim das demissões e das terceirizações”, disse o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio José Ferreira, que é membro do Comando e participou do encontro. Os sindicatos lembraram na negociação que a tecnologia elevou o estresse e a intensidade no trabalho e os bancários ficam ligados, muitas vezes, 18h a 20h por dia em sua atividade profissional, o que fortalece a justificativa de mais um dia de descanso.
“A tecnologia que deveria trazer melhorias para os trabalhadores tem resultado em muitos danos à saúde dos bancários e bancárias com o aumento do estresse, ansiedade, síndrome de bornout e depressão, só para citar alguns exemplos de transtornos” avalia José Ferreira.

Por que não no Brasil?

A ideia dos sindicatos de reduzir a jornada sem diminuir salários está em sintonia com as melhores práticas dos países mais desenvolvidos. Em Portugal, o governo socialista do presidente Marcelo Rebelo de Souza criou um projeto-piloto de redução da jornada com a adesão voluntária do setor privado. Espanha e Reino Unido também começaram a testar a jornada reduzida, sem cortes de salários. A proposta, que já é sucesso na Islândia, gerando mais empregos, melhorando a saúde e elevando a qualidade de vida se espalha por toda a Europa e é proposta pela União Europeia.
 
Emprego e terceirização

Os temas emprego, terceirização e novos modelos de contratação debatidos na reunião com os bancos estão entre as maiores preocupações dos bancários. Desde 2013 houve uma redução de 77 mil postos de trabalho na categoria, gerada pela introdução de novas tecnologias, o fechamento das agências bancárias com demissões em massa e os novos modelos de contratações permitidos desde a reforma trabalhista criada no governo Temer. No mês de abril deste ano ocorreram 3.232 admissões e 3.296 desligamentos, o maior número de desligamentos dos últimos seis meses (Confira em nosso site mais detalhes do estudo do Dieese com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged). Os bancos estão impondo ainda a terceirização, com a migração de bancários para empregos ainda mais precarizados, com mais intensidade no Santander.

Calendário de negociações

• Quarta-feira, 6 de julho: Cláusulas sociais e segurança bancária
• Sexta-feira, 22 de julho: Cláusulas sociais e teletrabalho
• Quinta-feira, 28 de julho: Igualdade de oportunidades
• Segunda-feira, 1 de agosto: Saúde e condições de trabalho
• Quarta-feira, 3 de agosto: Cláusulas econômicas
• Quinta-feira, 11 de agosto: Continuação das cláusulas econômicas

Mídia