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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Contraf-CUT
O emprego, uma das maiores preocupações da categoria bancária, especialmente no setor privado, será um dos temas da próxima negociação do Comando Nacional dos Bancários com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que será realizada nesta segunda-feira (27), por videoconferência.
Não é por acaso que esta questão aflige tanto os bancários, pois os bancos estão demitindo em massa, através do fechamento de agências físicas e ampliação de plataformas digitais e terceirizações. Números do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) confirmam a gravidade do problema no sistema financeiro. Pelo segundo mês consecutivo, o emprego formal no setor bancário apresentou fechamento de postos de trabalho. No mês de abril ocorreram 3.232 admissões e 3.296 desligamentos. O resultado tem como base os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). É o maior número de desligamentos dos últimos seis meses.
“Os bancos privados fecham unidades físicas, sobrecarregando os funcionários que continuam trabalhando nas agências e a população sofre com a demora no atendimento por causa das demissões em massa. Itaú, Bradesco e Santander constrangem seus empregados a empurrar o cliente para os correspondentes bancários ou plataformas digitais, desrespeitando os bancários e os usuários que querem o atendimento presencial”, destaca a vice-presidenta do Sindicato do Rio, Kátia Branco.
Pedidos de demissão
O Dieese apontou também que as “demissões voluntárias”, a pedido do trabalhador, permanecem em altos patamares. Desde setembro de 2021, este tipo de desligamento está acima de 40% da totalidade. Em abril chegou a 42% do total. De janeiro a abril deste ano, mais de cinco mil trabalhadores bancários pediram demissão, o que corresponde a quase metade do total de desligamentos: 46,6%. A média de pedido de desligamentos no emprego formal brasileiro, contabilizando todos os setores da economia, no mesmo período, foi de 33,3%.
“Isso mostra que a nossa categoria está desmotivada, sofrendo pressão e assédio moral diário por metas desumanas. Bancários e bancárias são desvalorizados e humilhados no setor mais lucrativo do país. Por isso, é cada vez maior o número de funcionários que pede dispensa nos bancos”, avalia o diretor da Secretaria de Bancos Privados, Geraldo Ferraz.
O economista Gustavo Cavarsan, um dos responsáveis pelo levantamento realizado pelo Dieese, considera que uma das hipóteses para o número alto de pedido de demissões nos bancos, além do esgotamento dos trabalhadores por conta de pressões pelo cumprimento de metas abusivas e por causa de desmotivação, é a migração de trabalhadores para bancos digitais, fintechs e corretoras de valores, muitas vezes por terceirização do trabalho bancário promovida pelos próprios bancos.
PDVs
Planos de Demissão Voluntária (PDVs) também reduzem o número de bancários nos bancos. Mas nem sempre os programas permitem que o trabalhador decida livremente pelo pedido de dispensas.
“Funcionários do Itaú têm denunciado que foram constrangidos pelo banco a aderirem ao PDV. E ainda fizeram questionamentos com quem não aderiu para saber as razões da decisão de permanecer trabalhando no banco, configurando mais uma forma de pressão”, disse a diretora do Sindicato Vera Luíza Xavier.
Mulheres discriminadas
O levantamento do Dieese mostra ainda que as mulheres continuam sendo discriminadas no mercado de trabalho do setor financeiro. O resultado do emprego nos bancos em abril foi influenciado pelo saldo negativo ocorrido entre as mulheres (-349 postos). Já entre os homens, o saldo foi positivo em 285 postos.
“As bancárias são discriminadas no mercado de trabalho e no setor bancário não é diferente. Por isso, esta é uma questão precisamos questionar junto aos bancos para garantir igualdade de oportunidades”, destaca Kátia Branco.
Mais antigos demitidos
Em relação às faixas etárias, houve saldo positivo entre as faixas até 29 anos, com ampliação de 673 vagas. Já para as demais faixas etárias, foi notado movimento contrário, com fechamento de 740 vagas.
“Os bancos demitem os empregados mais antigos, que possuem uma média salarial maior em função do tempo de serviço, para contratar novos funcionários, que recebem o piso da categoria e assim, reduzir custos e elevar ainda mais os lucros. Isso mostra a ganância e a crueldade dos banqueiros que tratam as pessoas como números e demitem quem mais tempo se dedicou ao trabalho no banco para acumular ainda mais dinheiro”, criticou Geraldo Ferraz.
Os salários pagos aos bancários admitidos em abril representavam, em média, apenas 83,6% do valor recebido pelos demitidos.
Confira a íntegra do levantamento realizado pelo Dieese.