Sexta, 17 Junho 2022 18:09
DESASTRE ECONÔMICO

Diesel aumenta 14,26% e gasolina sobe 5,18% a partir deste sábado

Especialistas alertam que medida de Bolsonaro de reduzir ICMS até dezembro não terá efeito significativo para segurar preços nas bombas dos postos
A CRISE TEM NOME - Enquanto o presidente Bolsonaro esbraveja contra a Petrobras, mas não muda a política de preços dos combustíveis, o povo paga a conta da crise A CRISE TEM NOME - Enquanto o presidente Bolsonaro esbraveja contra a Petrobras, mas não muda a política de preços dos combustíveis, o povo paga a conta da crise Marcelo Camargo/Agência Brasil

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O litro da gasolina passa, a partir deste sábado (18), a ser reajustado de R$ 3,86 para R$ 4,06, aumento de 5,18% e o diesel saltou de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro, uma alta de 14,26%. O anúncio foi feito pela Petrobras nesta sexta-feira (17). O preço dos combustíveis, especialmente do diesel, repercute diretamente na alta de preço dos demais produtos de consumo, já que o preço do combustível afeta o transporte rodoviário, que acaba tendo de elevar o valor do frete, repercutindo ainda mais na explosão inflacionária.

O preço do etanol até tem sofrido pequena redução, no entanto só está valendo a pena em quatro estados:

A culpa é do governo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) continua agindo como se o governo federal não tivesse nenhuma responsabilidade pela política de preços da Petrobras, que beneficia grandes acionistas da empresa com recordes nos ganhos com lucros e dividendos. Entre os maiores acionistas estão bancos privados e especuladores.
“Não interessa quanto seja o aumento, já está absurdo o preço dos combustíveis", esbravejou Bolsonaro, que só não contou a verdade que o Brasil inteiro já sabe: é o seu governo quem determina a política de preços da Petrobras, pois é o acionista majoritário e escolhe o presidente e o modelo de política adotada pela empresa. 

Entenda as causas da crise

Desde 2016, o então presidente Michel Temer mudou a política de preços do setor, adotando o Preço de Paridade de Importação (PPI) para definir os reajustes da gasolina e do óleo diesel. Com essa política, os preços variam de acordo com as cotações do petróleo e seus derivados nos principais mercados mundiais de negociação, como o do Golfo do México, nos Estados Unidos, e o de Londres, no Reino Unido, além do preço internacional da commodity, que faz com que sejam levados em consideração no cálculo da estatal o câmbio e os custos de importação. Com esta “dolarização” praticada também para o consumo interno, os preços dos combustíveis explodiram nas bombas dos postos repercutindo também na alta da inflação.

Grandes acionistas ganham

Para não contrariar os interesses dos grandes acionistas, entre eles banqueiros, o ministro da Economia Paulo Guedes não modifica a política da Petrobras e, em vez de praticar preços na moeda brasileira, o real, calculando apenas custos e lucros da empresa, como era antes de 2016, o condutor da política econômica do atual governo preferiu alimentar o discurso de Bolsonaro de que a culpa “é dos governos estaduais”, reduzindo a alíquota do ICMS para os combustíveis. Especialistas alertam que a medida, além de ser eleitoreira – válida apenas até dezembro, um mês após o segundo turno das eleições – terá pouco efeito prático e não conseguirá segurar os preços da gasolina e do diesel.

“Os estados, já com as contas asfixiadas pela recessão econômica, perdem recursos para investimentos em áreas socais essenciais para atender à ação desesperada de Bolsonaro, que tenta segurar os preços até dezembro para ter alguma chance de reeleição, mas não consegue, porque a política econômica de seu governo só visa os lucros de grandes bancos e da ciranda financeira do rentismo e levou o Brasil ao fundo do poço. Os grandes acionistas como os bancos ganham mais dinheiro e o povo paga a conta”, avalia a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco.

O estado de São Paulo, por exemplo, o mais rico da federação, deverá perder R$10 bilhões com a redução de ICMS para uma medida que visa exclusivamente a eleição e não terá nenhum resultado relevante na redução dos preços dos combustíveis.

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