Terça, 14 Junho 2022 17:33
PROPOSTA ELEITOREIRA

De olho nas eleições, Bolsonaro tenta baixar ICMS para frear alta dos combustíveis

Sem mudar a política de preços da Petrobras para não mexer nos lucros de grandes acionistas, a redução valerá até dezembro de 2022, ou seja, só terá efeito até dois meses após as eleições
O projeto de Bolsonaro para baixar as alíquotas do ICMS para combustíveis, gás de cozinha e energia elétrica vale somente até dezembro deste ano, o que confirma que a medida visa tentar salvar a sua reeleição O projeto de Bolsonaro para baixar as alíquotas do ICMS para combustíveis, gás de cozinha e energia elétrica vale somente até dezembro deste ano, o que confirma que a medida visa tentar salvar a sua reeleição Marcelo Camargo/Agência Brasil

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

                     

O presidente Jair Bolsonaro (PL), desesperado com a ampliação de vantagem do ex-presidente Lula nas pesquisas de opinião tenta, a todo custo, aprovar ainda hoje na Câmara dos Deputados, projeto de lei que limita as alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para tentar segurar os preços dos combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. O projeto poderá agravar ainda mais a crise dos estados que mal conseguem pagar os salários dos servidores, na maioria dos estados, com atraso. 

Medida pode não ter efeito

Segundo especialistas, a medida não terá efeitos significativos no caso da gasolina, etanol e diesel, em função da política adotada pela Petrobras desde o governo Temer, de dolarizar os preços também para o consumo interno.

O pior é que a proposta é inteiramente eleitoreira: a redução dos impostos é válida até dezembro deste ano, ou seja, logo após as eleições de outubro e, se tiver segundo turno, novembro.

O líder do governo na Câmara, Arthur Lira (PP-AL) tenta aprovar o projeto ainda nesta terça-feira (14) e os senadores que apoiam o atual governo estão se mobilizando para aprovação da medida.

A causa dos aumentos

Desde o governo Temer foi adotado o preço de paridade de importação (PPI) para definir o preço da gasolina e diesel nas refinarias, o que aumento os lucros da Petrobras e o dinheiro dos grandes acionistas da empresa, o que “dolarizou” o valor pago pelos consumidores, fazendo os preços explodirem nas bombas dos postos de combustíveis, repercutindo diretamente na alta da inflação, fruto da política econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes.  

“Após quase quatro anos desta gestão catastrófica, Bolsonaro, faltando seis meses para o fim de seu trágico governo, vem com uma proposta eleitoreira para tentar enganar o povo e frear os aumentos dos combustíveis, gás de cozinha e luz. Em 2023 vem a conta para o povo pagar pela medida. Bastava o governo acabar com a política iniciada por Michel Temer de dolarizar a produção nacional de combustíveis para o mercado interno, mas ele não fará isso porque este governo está comprometido até o pescoço com os grandes acionistas da Petrobras, que são os bancos e o capital estrangeiro. Em vez de mudar a política da empresa, Bolsonaro joga para seu nicho de eleitores com uma medida eleitoreira que, no fundo, visa reduzir a queda de sua popularidade à custa do dinheiro dos contribuintes e dos estados”, criticou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco.

 

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