Sábado, 11 Junho 2022 13:24

Mercadante: é preciso eleger Lula para tirar o Brasil desta situação social dramática

O professor, economista e ex-ministro Aloisio Mercadante fala na Conferência Nacional dos Bancários. O professor, economista e ex-ministro Aloisio Mercadante fala na Conferência Nacional dos Bancários.

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

“O Brasil vive hoje uma situação econômica e social dramática que veio como consequência da política neoliberal do atual governo que desindustrializou o país, aumentou a miséria e a fome, disparou a inflação, aprofundou os cortes na área social, reduziu a renda e deixou mais de 11 milhões de desempregados. Temos um grande desafio pela frente que é derrotar o governo Bolsonaro que nos levou a esta situação e reconstruir o Brasil. E só existe uma liderança capaz de estar à frente deste processo que é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. A avaliação foi feita na manhã deste sábado (11/6), em São Paulo, na abertura do segundo dia de debates da 24ª Conferência Nacional dos Bancários, pelo professor e economista Aloisio Mercadante. Os debates continuarão à tarde e no domingo. Ao final da conferência será aprovada a minuta da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) a ser entregue à Fenaban na próxima quarta-feira, dando início à Campanha Nacional dos Bancáriios e às negociações.

Ex-deputado federal e ex-senador, Mercadante é presidente da Fundação Perseu Abramo, e foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, ex-ministro da Educação, da Casa Civil e da Economia do governo Dilma Roussef. Frisou que, ao mesmo tempo em que agravou a crise social, atingindo sobretudo os mais pobres, o projeto de Bolsonaro – cuja ascensão ao poder só foi possível com o golpe que derrubou em 2016 a presidenta Dilma e com a prisão de Lula, através da farsa da Lava Jato – concentrou a renda, enriquecendo ainda mais os mais ricos.

“Um dado que mostra claramente isto é o crescimento de 80% do lucro das empresas listadas na Bolsa de Valores. Esta lógica que concentra ainda mais a riqueza, aumentou a pobreza e a miséria. E para perceber isto basta andar pelas ruas e ver o quanto aumentou o número de pessoas sem moradia, dormindo ao relento. São mais de 30 milhões passando fome. Este modelo excludente é que tem que acabar e mudar para outro que combata a fome e a miséria, que distribua a renda, aumente o investimento público e faça o Brasil voltar a crescer a se desenvolver”, afirmou.

Disparada dos preços

Outro problema grave apontado é a inflação que chegou a dois dígitos graças à decisão do governo de manter a política de preços dos produtos brasileiros, principalmente o dos derivados do petróleo, atrelada aos do mercado internacional, e à desvalorização do real. “E o remédio usado por Bolsonaro contra a disparada da inflação, só tornou a situação ainda mais dramática: aumentou a Selic, que hoje já é de 12,75% ao ano, encarecendo ainda mais o crédito, mantendo a economia estagnada, e aumentando a dívida pública: em 2020, só de juros, pagamos R$ 312 bilhões; em 2021, foram R$ 448 bilhões; e em 2022, chegamos a R$ 720 bilhões. Esta situação fez com que o governo ampliasse ainda mais os cortes da verba do Orçamento da União na área social, alegando a existência do teto de gastos, criado pelo governo Temer e mantido por Bolsonaro”, disse.

Mesmo tendo mostrado a sua importância fundamental para a população, o Sistema Único de Saúde (SUS) teve a sua verba cortada, o mesmo acontecendo com a educação e a cultura, programas sociais, ciência e tecnologia, saneamento básico e habitação. O modelo excludente do governo atual, ao estagnar a economia – fazendo aumentar o desemprego, a inflação, os juros e retirando direitos trabalhistas e previdenciários – fez cair a renda das famílias, reduzindo o poder de compra, o consumo e, como consequência, trazendo mais dificuldades para as empresas e reduzindo o poder de pressão dos trabalhadores em suas campanhas.

“Além dos impactos sobre toda a economia, vimos a maior parte dos acordos coletivos serem assinados com reajustes abaixo da inflação, ou só repondo as perdas”, ressaltou. Além disto, o salário mínimo não apenas deixou de ter aumento real, como perdeu o seu valor.

Pré-sal

Acrescentou que com a descoberta do pré-sal durante o governo Lula, esta enorme riqueza deveria ser aplicada no desenvolmento do país, principalmente na educação e na saúde. “Nosso projeto era fortalecer a Petrobras, ampliar o número de plataformas, e já que o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo, construir refinarias para produzir derivados. Mas o que se fez foi fatiar a Petrobras, vender a BR Distribuidora, as refinarias já existentes, sabotando a empresa e o país, que é autossuficiente em petróleo, mas importa os combustíveis com preços dolarizados, enriquecendo os acionistas e provocando inflação”, disse.

Qual a saída

Mercadante disse que o desafio agora, é reconstruir o Brasil. “Essa é a grande tarefa do governo Lula. E ela começa por acabar com a fome, garantindo as condições para que todos tenham seu café da manhã, almoço e jantar. A alimentação é a nossa prioridade absoluta, o que só será possível fazendo o país voltar a crescer, trazendo emprego e aumentando a renda das pessoas e o consumo”, afirmou.

Outra prioridade é investir pesadamente na educação. “É preciso combater a evasão escolar que é muito alta. O governo não fez o censo, mas se sabe que a evasão é muito alta, que é grande o número de crianças que acabam o ensino fundamental sem saber ler e escrever. E esta dura realidade faz com que ao crescer estas crianças não tenham qualificação para poder sair da pobreza”, constatou.

Bancos públicos

Outra prioridade do novo governo é reindustrializar o Brasil, já que o projeto Bolsonaro fez o país voltar a ser um mero fornecedor de matéria-prima, comprador de manufaturados. “Mas para isto é preciso recuperar a capacidade de investimento do Estado. Somos contra o teto de gastos. Tem que acabar. Nenhum país do planeta tem programa com teto de gastos públicos. O Brasil precisa de um projeto que o faça crescer, com distribuição de renda e desenvolvimento para voltar a ser respeitado em todo o mundo como já foi”, disse, numa referência ao prestígio econômico e político durante os governos Lula e Dilma.

Classificou como fundamental na recuperação brasileira a participação dos bancos públicos. “É preciso que voltem a cumprir sua função social, com linhas de crédito mais barato, investir pesadamente em programas sociais, no consumo das famílias, no fortalecimento das empresas, na geração de empregos, na agricultura, principalmente na agricultura familiar”, defendeu.

O terceiro eixo é a democracia. “Temos que restabelecer o diálogo com a sociedade. A extrema-direita vem crescendo em vários países, chegando ao poder, impondo um modelo excludente e autoritário, baseado no ódio e na violência. No Brasil, o governo Bolsonaro representa este projeto. Por isto é preciso mostrar na campanha eleitoral que é possível sair deste retrocesso que a esperança pode derrotar o ódio”, defendeu.

Lula

Repetiu que a liderança capaz de fazer esta mudança é Lula. “Um Lula hoje mais experiente, que sofreu preso injustamente, por uma condenação sem provas, por Sérgio Moro e a farsa da Lava Jato que foi desmascarada, uma farsa que conseguiu destruir o Brasil - que estava incomodando ao crescer, se desenvolver e se tornar independente - e tirar Lula das eleições para possibilitar que Bolsonaro tivesse a chance de se eleger e fazer o jogo do grande capital internacional”, afirmou.

 

Programação

24ª Conferência Nacional d@s Trabalhador@s do Ramo Financeiro 2022

“Um país + justo pra gente. Este é o Brasil que a gente quer!”

10, 11 e 12 de junho de 2022

Holiday Inn, Parque Anhembi

Dia 10 de junho – sexta-feira9h às 19h – Credenciamento presencial e eletrônico de delegados e delegadas inscritos

17h – Abertura solene da 24ª Conferência Nacional dos Bancários

Dia 11 de junho – sábado8h às 11h – Credenciamento presencial e eletrônico de delegados e delegadas inscritos

9h – Mesa 1 – Votação do Regimento Interno

9h30 às 12h – Mesa 2 – Reconstruir o Brasil que a gente quer

Convidado: Aloízio Mercadante (professor acadêmico, economista e político, fundador do Partido dos Trabalhadores (PT); foi ministro da Educação, da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Casa Civil no governo Dilma Rousseff; foi também senador e deputado federal por São Paulo; atualmente, é presidente da Fundação Perseu Abramo)

12h às 13h30 – Almoço

12h às 14h – Prazo para substituição de delegados ou delegadas por suplentes

13h30 às 15h30 – Mesa 3 – Apresentação de dados do setor bancário

15h30 às 17h30 – Mesa 4 – Apresentaço do resultado da Consulta dos Bancários 2022; Organização e mobilização para reconstruir o Brasil que a gente quer; Acordo Nacional

19h – Jantar

Dia 12 de junho – domingo

9h às 9h40 – Apresentação e aprovação da arte da Campanha Nacional dos Bancários 2022

9h40 às 12h – Apresentação e aprovação das propostas recebidas das Conferências Estaduais e Regionais; aprovação das resoluções e moções; aprovação do Comando

12h – Almoço

 

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