Quarta, 08 Junho 2022 18:49
PRIMEIRO DIA DE DEBATES

Abertura destaca desafios de bancos públicos para a reconstrução do Brasil

A SAÍDA PARA A CRISE - A abertura solene dos congressos nacionais dos bancos públicos destacou os desafios de combater a privatização e os ataques do governo Bolsonaro aos trabalhadores, elegendo um governo do campo popular A SAÍDA PARA A CRISE - A abertura solene dos congressos nacionais dos bancos públicos destacou os desafios de combater a privatização e os ataques do governo Bolsonaro aos trabalhadores, elegendo um governo do campo popular

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

A Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) fez a abertura solene dos congressos nacionais dos bancos públicos, nesta quarta-feira, 8 de junho, realizada em São Paulo. O evento foi transmitido pelo canal da entidade no Youtube. A presidenta da entidade, Juvandia Moreira coordenou as mesas de debates.

Ataques ao BNDES

O presidente da AFBNDES (Associação dos Funcionários do BNDES), Arthur Koblitz, abriu a primeira noite de debates dizendo que o banco foi um alvo preferencial de ataques dos governos Temer e Bolsonaro.

“Quase perdemos a vinculação do BNDES com o seu papel social e econômico previsto na Constituição Federal. Sempre tivemos como aliados o Sindicato dos Bancários do Rio, a Contraf-CUT e outras entidades sindicais de outros estados do país. Temos essa gratidão e o reconhecimento da contribuição do movimento sindical na defesa da instituição e dos funcionários”, disse

“Em algum momento achávamos que o Brasil seria uma pais menos desigual, mas encontramos o país ainda mais injusto. Estamos defendendo a democracia e este é um ano muito importante. Estaremos juntos nestas lutas nos próximos anos”, acrescentou Koblitz.

A importância da Amazônia 

Sergio Luiz Campos da coordenação negociação do Basa (Banco da Amazônia), destacou a importância da instituição para o desenvolvimento sustentável da região, a defesa do meio ambiente e das populações indígenas e  ribeirinhas.

“O Basa completa manhã (quinta, dia 9) 80 anos, uma historia que se iniciou logo após a primeira guerra mundial e tem um papel fundamental para essa região continental e complexa, que é a nossa Amazônia. Nós temos o chamado “custo Amazônia”, de ter que usar barcos e aviões para chegar aos lugares mais longínquos e o Basa tem este papel de fomentar o desenvolvimento da região e reduzir as desigualdades sociais”, explica Sérgio.

O sindicalista lembrou  dos desafios do banco para a região e que a empresa, que hoje tem 2.800 empregados e 118 agencias, vem reduzindo o número de funcionários, pois já teve 3.100 bancários.

“O banco é muito importante e necessário ao contrario do que dizem Bolsonaro e Paulo Guedes que defendem a privatização do principal banco para as políticas da região amazônica”, acrescentou, dizendo que não adiante o Basa lucrar muito mais -  fechou um resultado com crescimento de 178% - se não desempenhar o seu papel de contribuir para o desenvolvimento da Amazônia e para o combate às desigualdades.  

“Nós estamos aqui para levar a voz aos ribeirinhos, dos quilombolas,  indígenas e de toda a população do Norte do país. Temos o desafio de defender os bancos públicos e o papel social deles para o desenvolvimento deste país e dizer que que estas instituições não são dispensáveis, mas ao contrário, são importantes para o Brasil. Dfendemos a ampliação no número de empregados e a maior presença do estado em todos os municípios e lugares onde o setor privado nãoo tem interesse em chegar”, ressaltou.

Sérgio Campos lembrou dos protestos feitos pelos bancários contra a atual diretoria do Banco do Amazonas, que decidiu demitir, até julho deste ano, 145 antigos empregado. “Mas nós estamos resistindo e vamos vencer mais este desafio”, completou.

Desafios do Nordeste

Robson Luis Andrade, coordenador do Comitê em defesa do Banco do Nordeste (BNB), criticou a atual gestão da instituição.

“O resultado dessa gestão amadora e irresponsável faz com que estejamos perdendo pessoas qualificadas para os concorrentes no sistema financeiro. A milícia que chegou ao pder em 2018 não tem nada de patriota. Patriota. É quem defende os bancos públicos, as nossas estatais e combate as desigualdades”, declarou defendendo a eleição em Lula nas eleições para presidente deste ano. Lembrou que, a partir do primeiro governo Lula o país passou por uma verdadeira  revolução socioeconômica, citando programas como o ProUni, Minha Casa, Minha Vida, Ciência Sem Fronteiras e distribuição de água para o povo do nordeste (Transposição do Rio São Francisco) e  programas sociais que levaram comida para os mais pobres.

“No governo Lula o nosso Banco do Nordeste duplicou o número de agências e funcionários e elevou os investimentos em microcrédito em mais de 160 vezes, o que fez o PIB do Nordeste crescer acima da média nacional durante um bom período, apoiando a agricultar familiar. Chegou a ser o terceiro maior investimento do mundo em distribuição de microcrédito, o que responde pela metade dos lucros da instituição, mas isso acabou atraindo gente inescrupulosa para a instituição”, destacou.

BB: fechamento de agências e demissões

O coordenador nacional da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, João Fukunaga, elogiou o fato de trazer para o debate da campanha nacional da categoria este ano, temas relacionados aos jovens e as mulheres e defendeu o papel dos bancos públicos no microcrédito para o desenvolvimento do interior do país e das periferias das grandes cidades.

“Este governo e atual direção do BB fecham agências prejudicando quem mais precisa com o fim das políticas governamentais. Temos que debater o Banco do Brasil e o país que queremos”, disse Fukunaga.

“Temos que tratar de pautas dolorosas, como a violência contra mulheres, através do assédio sexual de funcionárias e a desigualdade racial que existe dentro do banco. Uma instituição pública tem que ter uma representação plural e isso tem que ser pauta num futuro governo progressista, bem como a inclusão de jovens, que durante pandemia não tiveram condições de estudar provocando uma grande evasão escolar. São temas fundamentais para construir o Brasil que a gente quer”, acrescentou, lembrando que é preciso o debate político sobre as eleições deste ano e trazer para este tema a parcela do funcionalismo que ainda defende a privatização do banco.

Caixa e o Brasil que queremos

Clotário Cardoso, diretor de Administração e Finanças da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), criticou o fato de o Bolsonaro ocupar os cargos do governo com pessoas negacionistas como o próprio presidente

“Graças a ciência e a cada de um nós convencemos as pessoas que eram necessárias as vacinas. Nós empregados da Caixa sofremos muito com a pandemia, muitos morreram se colocando a disposição do povo brasileiro numa situação de risco de morte”, disse homenageando todos os bancários e bancarias que morreram de covid-19.

“Temos um compromisso para restabelecer os marcos civilizatórios, elegendo um presidente compromissado com o povo, a ciência e a verdade. Nós bancários e bancarias temos um compromisso com o povo brasileiro”, afirmou.

Sergio Takemoto, presidente Fenae (Federação Nacional doPessoal da Caixa) disse que o grande debate da campanha nacional da categoria este ano é saber se queremos manter este país desigual, com homofobia, preconceito e ódio, ou se queremos um Brasil mais diverso, fraterno, igualitário e democrático onde todos tenham acesso a saúde, a educação, ao emprego.

“Mais de 33 milhões de brasileiros estão passando fome. Desde o golpe, o Brasil que tinha saído do mapa de fome, aumentou em mais 60% a população que está passando fome. Este ano é o maior desafio de nossas vidas. Além da campanha salarial temos que resgatar a democracia e eleger um presidente compromissado com a pauta dos trabalhadores”, concluiu.

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