EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O racismo no Brasil se reflete de forma veemente no mercado de trabalho. Uma pesquisa realizada pelo movimento Potências Negras revela que 63% das mulheres negras já foram discriminadas em processos seletivos para vagas de emprego e 62% disseram se sentir discriminadas mais de uma vez nestas situações. O problema ocorre em todas as classes sociais, mas na classe B é onde há a maior proporção de discriminação: 66%. Em seguida vêm as mais pobres: classe C (63%) e D/E (61%). Na classe A, o índice é menor (53%), mais ainda muito alto.
“Fica evidente na pesquisa que a sociedade racista se incomoda ainda mais quando uma mulher negra ascende socialmente. As negras ganham, em média salários mais baixos exercendo as mesmas atividades e com o mesmo grau de escolaridade do que homens brancos e mulheres brancas”, afirma o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Almir Aguiar.
Negras recebem, em média, 42% a menos que mulheres brancas. Já homens brancos chegam a ganhar mais do que o dobro do que recebem as negras. Em pessoas com nível superior a discriminação é ainda maior:. Homens brancos com nível superior têm salário médio 159% maior do que o das mulheres negras que também cursam faculdade.
A pesquisa mostrou ainda que a discriminação ocorre também no ambiente de trabalho: 62% disseram que foram discriminadas nestes locais.
“Mais uma vez, a pesquisa mostra que a discriminação cresce mais quando as negras ascendem socialmente, pois o preconceito é ainda maior nas classes mais ricas. Além de não dar oportunidades iguais entre as raças e de pagar salários inferiores para mulheres, especialmente negras, o mercado de trabalho mostra que a sociedade racista não tolera elas em condições melhores e o êxito profissional de negros e negras”, acrescenta Almir.
O levantamento foi feito em parceria com a Shopper Experience com 812 mulheres negras (61% pretas e 39% pardas) entre os dias 23 de março e 4 de abril. Entre as pesquisadas, 79% são das classes C e D/E e 21% são das classes A e B.
Segundo a pesquisa, 89% das entrevistadas já tiveram alguma dificuldade no mercado de trabalho. A falta de vagas e o preconceito lideram o ranking dos motivos.
Em relação à situação financeira, 57% das mulheres se declararam como as principais responsáveis pela renda familiar e o índice sobe para 62% entre as mulheres da classe B.
Pandemia
A pesquisa abordou ainda o reflexo da pandemia nas finanças das mulheres responsáveis pela renda familiar – 52% disseram que perderam o emprego ou mudaram de trabalho na pandemia e para 80% delas a pandemia afetou a renda familiar.