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Ao menos 91 pessoas morreram vítimas das fortes chuvas e deslizamentos que ocorrem na Região Metropolitana de Recife
Publicado: 30 Maio, 2022 - 15h55 | Última modificação: 30 Maio, 2022 - 16h25
Escrito por: Redação RBA
Pelo menos 91 pessoas morreram na Região Metropolitana de Recife depois das fortes chuvas que provocaram deslizamentos e inundações em pelo menos 14 municípios, entre eles, a capital pernambucana. As chuvas também causaram tragédias em Olinda, Jaboatão dos Guararapes, São José da Coroa Grande, Moreno, Nazaré, Macaparana, Cabo de Santo Agostinho, São Vicente Ferrer, Paudalho, Paulista, Goiana, Timbauba e Camaragibe.
Equipes dos bombeiros, Defesa Civil, Exército e órgãos municipais estão fazendo buscas em 12 pontos de deslizamentos a procura de cerca de 26 pessoas continuam desaparecidas. Entre os pontos estão Zumbi do Pacheco e Curado IV, em Jaboatão dos Guarapes; Areeiro, em Camaragibe; Monte Verde/Ibura, em Recife; e Paratibe, em Paulista.
Bolsonaro e o corte de recursos
Durante a manhã, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobrevoou algumas das áreas mais atingidas pelas chuvas e, entrevista “lamentou” a tragédia e lembrou de casos recentes, ocorridos neste ano. “Tivemos problemas semelhantes em Petrópolis, no sul da Bahia, mais ao norte de Minais e no ano passado no Acre também. Infelizmente, essas catástrofes acontecem, um país continental tem seus problemas”, declarou o presidente.
Os deslizamentos de terras e barreiras, em consequências das fortes chuvas, que prejudicam principalmente a população mais pobre, forçada a morar em encostas de morro e áreas de risco em todo o Brasil, ocorrem, no entanto, em um momento em que o governo Bolsonaro vem diminuindo ano a ano a verba federal que poderia ser usada na prevenção de desastres. Apenas neste ano, marcado por pelo menos cinco tragédias semelhantes, incluindo a da região metropolitana de São Paulo, os recursos atingiram a menor cifra.
É o que mostra reportagem do site Congresso em Foco, de fevereiro. O Orçamento de 2022 prevê R$ 447,9 milhões para que o Ministério do Desenvolvimento Regional invista em Gestão de Riscos e Respostas a Desastres. O montante é 35,38% menor do que no ano anterior – também marcado por catástrofes –, quando o governo reservou R$ 693,2 milhões.
A redução fica ainda maior e chega a 45,6% quando se corrigem os valores pela inflação. Os valores, contudo, vêm diminuindo ano a ano. Em 2020, por exemplo, o total autorizado para apoio ao planejamento e execução de obras de contenção de encostas em áreas urbanas foi de R$ 76 milhões. Já em 2021, a verba caiu para R$ 32,2 milhões.
‘Terceirizar a culpa’
Acompanhando por ministros, Bolsonaro priorizou fazer campanha eleitoral em vez de prestar solidariedade. Por exemplo, ao criticar o governador Paulo Câmara (PSB). “Em todos os momentos que os governadores nos procuraram ou prefeitos, nós atendemos. Eu acho que faltou iniciativa da parte dele também”, disparou o presidente.
A gestão federal disse que pretende disponibilizar R$ 1 bilhão para socorrer Recife e que o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) reconhecerá ainda hoje a situação de calamidade em Pernambuco, em edição extra do Diário Oficial da União. “Não é que sai na frente (o governo federal), está sempre alerta para atender a população em qualquer situação independente de pedidos de autoridades locais”, afirmou Bolsonaro. O Nordeste é a região em que o presidente tem a maior taxa de rejeição a sua reeleição.
A visita de Bolsonaro, no entanto, causou desconforto no deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde. Para o parlamentar, o presidente “segue a tática de terceirizar a culpa”. De acordo com ele, as mortes não são por conta da chuva, mas também do corte de 45% nos recursos de combate a desastres. “O estrago que (Bolsonaro) causou”, observou em suas redes sociais.
O governador de Pernambuco, por sua vez, disse à Folha de S.Paulo que não recebeu nenhuma ligação de Bolsonaro para discutir a situação de emergência da capital e da região metropolitana. Ainda segundo o estado, Câmara não foi convidado para acompanhar a comitiva de ministros nesta segunda. A tentativa de politização da tragédia, por parte de Bolsonaro leva em conta o partido do governador, o PSB, que faz oposição ao seu governo e indicou Geraldo Alckmin para vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência.
Críticas de inação também recaem sobre a prefeitura de Recife, sob o comando de João Campos (PSB). Segundo reportagem do UOL, o município foi alertado do “risco alto” de chuvas intensas e deslizamentos na região metropolitana do Recife ainda na quarta-feira (25). Mas a prefeitura só acionou o plano de contingência dois dias depois.
O governo municipal alegou ter usado como referência os alertas da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), que emitiu outro informe da previsão de chuva intensa para o final de semana. O primeiro, que antecipava os riscos, havia sido emitido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
E a previsão é que as chuvas continuem atingindo a região nesta segunda com intensidades de “moderada” a “forte”. Além disso, a Apac alerta que a Grande Recife e as matas Sul e Norte seguem em estado de observação. O temporal também é previsto na Paraíba, Alagoas, Sergipe, especialmente nas regiões litorâneas. Em paralelo, organizações sociais estão realizando campanhas de arrecadação de donativos para ajudar desabrigados e outras vítimas das chuvas em Pernambuco.
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