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Imprensa SeebRio
Como parte da preparação da Campanha Nacional dos Bancários estão sendo realizados encontros em todo o país. No último sábado, ocorreu o dos funcionários do Banco do Brasil, e nesta terça-feira, o Encontro Estadual dos Bancários de Bancos Privados. As decisões serão levadas para o Encontro Regional RJ para toda a categoria, no sábado (21), no Sindicato de Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense, a partir das 9h.
O presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, José Ferreira, destacou a importância da participação da categoria na Campanha Nacional. Frisou que ela vai acontecer num contexto difícil em que o país encontra-se destruído pelo governo Bolsonaro, sendo necessária para a sua reconstrução a eleição de Lula. Adriana Nalesso, presidenta da Federação Estadual das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Federa-RJ), acrescentou ser este um ano de muitos desafios, entre eles, o de conquistar a vitória com a manutenção de direitos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e dos acordos específicos e de eleger um governo democrático derrotando Bolsonaro.
Para o vice-presidente da Contraf-CUT, Vinicius de Assumpção, é fundamental o debate com os bancários e com toda a sociedade a respeito do país que queremos e que isto só será possível com um governo que inclua as pessoas e invista no desenvolvimento social e econômico. Criticou o governo atual que com sua política possibilitou uma situação absurda em que os cinco maiores bancos lucraram mais de R$ 27 bilhões, e jogou mais de 12 milhões de pessoas no desemprego.
Aumento real
Após a mesa de abertura, o economista Fernando Amorim do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), fez uma palestra sobre conjuntura nacional. Em seguida, os bancários se dividiram em grupos para debater os principais problemas de cada banco para serem convertidos em propostas de reivindicações a serem enviadas ao Encontro Regional. Os grupos foram os de bancários do Itaú, Bradesco, Santander e Banco Mercantil do Brasil. Veja um resumo do que foi aprovado nos grupos, na matéria final do Encontro.
Na palestra de abertura, o economista Fernando Amorim, mostrou que os bancos têm todas as condições de atender à reivindicação de aumento real de salários. Citou alguns números para embasar a sua avaliação, entre eles, o fato da receita com tarifas cobrir com sobra as despesas de pessoal: no Itaú esta relação é de 160%, no Bradesco, 134% e no Santander, 185%.
Fora isso, o lucro dos cinco maiores bancos somou R$ 27,6 bilhões, comparando o primeiro trimestre de 2022 com o mesmo período de 2021, um aumento de 17,5% em doze meses. Outro dado importante e grave é que houve de 2013 até hoje houve uma redução de 76 mil postos de trabalho bancário, sendo 31 mil desde a reforma trabalhista.
Ilha de prosperidade
Amorim fez questão de frisar que a situação dos bancos é extremamente confortável, ao contrário do restante da economia. “Dos 10 bancos mais rentáveis do mundo, quatro são brasileiros. Além disto, cresceu o patrimônio líquido (capital próprio): 2,9% no Itaú, 4,7% no Bradesco, e 1,8% no Santander”, disse.
O economista mostrou outro fator positivo que foi a pequena inadimplência, na média, inferior a 3%, em março deste ano. “Apesar da redução do risco, os juros continuam excessivamente altos. Em janeiro a taxa média do cartão de crédito rotativo foi de 211,48%”, frisou. Acrescentou que houve crescimento da concessão de crédito, que classificou de ciclo vicioso, sendo voltada para pagar dívidas, e não para o consumo de bens e serviços.
O sistema financeiro, portanto, é uma verdadeira ilha de prosperidade no meio de uma economia em crise. Ao contrário de outros setores, por isto mesmo, os bancos têm folga para atender os bancários, também porque houve uma gigantesca redução de custos com o avanço dos canais digitais que se tornou ainda maior a partir da pandemia e fechamento de agências.
Selic mantém economia estagnada
As dificuldades na economia, que se agravaram ainda mais com a pandemia, repercutiram nos resultados das campanhas salariais de muitos setores. Nos dois primeiros meses deste ano, 32,3% dos reajustes ficaram acima da inflação, 31,1% igual, e 36,7% abaixo da inflação.
Amorim avaliou que a política do BC de seguidos aumentos da Selic (10 vezes durante o governo Bolsonaro), chegando a 12,75%, não vai baixar a inflação porque ela não é de demanda, ou seja, não é consequência de um aquecimento do consumo. Pelo contrário. “Mas nada disto parece afetar os bancos que lucram com inflação, sem inflação, com baixa Selic, com alta Selic”, constatou o economista.