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Imprensa SeebRio
A Lei Áurea acabou com a escravidão no Brasil, mas manteve o racismo e com ele a exclusão da população negra. Esta foi uma das conclusões a que chegaram as palestrantes que participaram da roda de conversa sobre o tema “13 de maio, uma reflexão necessária”: a doutora em Ciências da Literatura pela UFRJ, Dani Balbi e a secretária da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Monica Santos. O evento foi organizado pela Secretaria de Políticas Sociais do Sindicato e aconteceu no auditório da entidade com transmissão pelos canais virtuais.
Não há o que comemorar
Dani Balbi fez um retrospecto histórico do movimento de massas que lutou não apenas pela abolição da escravatura, mas por uma reforma no modo de produção da economia, com a inclusão dos negros, projeto derrotado pelo poder dos latifundiários, capitaneados pelos barões do café. Este grupo extremamente conservador e poderoso, que deu origem à classe dominante brasileira e a sua visão de superexploração até os dias de hoje, forçou a princesa Isabel Cristina de Bourbon e Bragança a retirar da lei que assinou, questões importantíssimas, como a reparação à população negra sequestrada da África e escravizada no país, a reforma agrária e a diversificação de culturas em substituição à monocultura.
“Por isto não temos o que comemorar. Em que pese a formalização legal do fim da escravidão, a data de 13 de maio e a lei áurea representam derrotas do povo e de dois grandes ativistas públicos negros, André Rebouças e José do Patrocínio, e a vitória do setor reacionário que, depois, implementa uma fachada republicana para garantir a propriedade privada, a hiperexploração e o retrocesso econômico de um país que sustenta privilégios na espada e no latifúndio”, afirmou Balbi. E acrescentou: “É por essas razões que falamos em persistência dos modelos de escravização do povo negro no Brasil”.
Por um governo democrático
Mônica Santos citou diversos exemplos para evidenciar a existência do racismo no país e seu uso como instrumento de dominação e exclusão da população negra. Disse que para combater o racismo é necessário voltarmos a ter um ambiente democrático no Brasil, o que não é possível com o atual governo que marginaliza a maioria da população. “Para isto é fundamental eleger Lula presidente a fim de resgatar toda a relevância que seu governo e o de Dilma deram a esta questão, com políticas públicas como o estabelecimento de cotas para negros e negras nas universidades e nos concursos públicos, por exemplo”, afirmou.
O presidente do Sindicato, José Ferreira, frisou que o racismo dos bancos é evidente. “Começa na seleção, passa pelo baixo número de negros e negras no atendimento ao público e pela ínfima presença em cargos de gestão. Em nossas campanhas a igualdade de oportunidades é um tema fundamental e cláusula de nossas convenções e acordos. Mas precisamos avançar mais”, disse.
Tema importante na campanha salarial
Kátia Branco, vice-presidente do Sindicato, disse que combater o racismo no sistema financeiro é uma questão relevante para toda a categoria bancária. “Este ano temos campanha e vamos voltar a discutir com empenho este assunto. Queremos o fim da discriminação nos bancos. Queremos ver mais negros e negras em cargos de gestão. Já avançamos bastante, mas este segmento continua trabalhando em sua maioria no telemarketing. Precisamos avançar mais”, disse. A dirigente concordou com Mônica Santos, afirmando que, para combater o racismo é preciso, não só eleger Lula, mas também uma bancada de partidos para dar suporte ao seu projeto político de inclusão do povo negro, fim da miséria e de desenvolvimento social e econômico.
O diretor da Secretaria de Políticas Sociais Robson Santos, lembrou ser necessário ampliar com a categoria e com toda a sociedade este debate sobre o racismo e a respeito da necessidade de acabar com ele. “Sou negro e enfrentei situações difíceis na minha vida. Mas o racismo é um mal para toda a sociedade e precisa ser extirpado”, defendeu. Robson lembrou que a Secretaria de Políticas Sociais vai manter sua agenda de debates, realizando-os, a partir de agora, de forma híbrida, presencial e virtual através das redes sociais do Sindicato.