Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio

O novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou em pronunciamento na quarta-feira (11) que, como primeira medida à frente da pasta, pedirá estudos ao governo sobre a eventual privatização da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) – estatal responsável por gerir os contratos da União no pré-sal. O ministro disse que todo o teor do pronunciamento tem "o aval e o apoio de 100%" do presidente Jair Bolsonaro, o que mostra que o pronunciamento e o estudo não são fruto de uma ação pessoal, mas de um projeto de governo.
"Ainda como parte do meu primeiro ato, solicito também o início dos estudos tendentes à proposição das alterações legislativas necessárias à desestatização da Petrobras", completou o novo ministro. 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) pode mexer nos preços dos combustíveis, mas não faz. Em vez disso, critica a Petrobras, como se não fosse o governo federal que tem a ingerência sobre a estatal, tendo a maior parte acionária e indicando o presidente da empresa. Não seria “intervir” na política de preços como criticam os neoliberais de plantão, mas fazer voltar a prática que era utilizada no país, antes do então presidente Michel Temer (MDB) dolarizar os preços da produção para o mercado interno.

Estratégia para privatizar

O anúncio está em sintonia com a declaração do mentor da ideia, o ministro da Economia Paulo Guedes, que 24 horas depois da afirmação do ministro das Minas e Energia, disse que o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), vinculado à pasta, dará procedimento aos estudos para privatizar a Petrobras a Pré-sal Petróleo S.A. (PPSA).
“A letargia de Bolsonaro nas ações para conter a alta dos combustíveis e suas bravatas contra a Petrobras nas redes sociais e no cercadinho do Palácio do Planalto, onde o presidente do Brasil vocifera contra a estatal, não são apenas um plano para desviar a responsabilidade do governo pelo aumento dos combustíveis e gás de cozinha e pela alta da inflação. É uma estratégia do governo para desgastar a imagem da Petrobras junto à opinião pública e então, privatizá-la”, afirma o vice-presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Vinícius de Assumpção.

Alerta aos bancários

A vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco considera a notícia, um sinal de alerta para a categoria bancária. “A Caixa e o Banco do Brasil não estão fora dos planos de privatização de Guedes. No caso do petróleo, o governo quer atender aos interesses estrangeiros no Pré-Sal brasileiro. O governo quer vender a Petrobras e lá vem de novo o discurso mentiroso de que nas mãos da inciativa privada, os preços dos combustíveis vão baixar. É mais uma falácia, que o digam os preços praticados pelas concessionárias privadas de energia elétrica. É bom lembrar que os bancos privados estão de olho na fatia lucrativa dos bancos públicos, mas sem nenhum compromisso social. Veja se o Bradesco, o Itaú ou o Santander se preocuparam com o pagamento do auxílio emergencial à população vulnerável na pandemia. O setor privado só quer ganhar mais dinheiro. É mais um motivo para o povo brasileiro derrotar este governo nas eleições deste ano”, afirma a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco.

Paulo Guedes já declarou inúmeras vezes à imprensa que pretende privatizar todas as estatais e empresas públicas.