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Ex-presidente participou do lançamento do Movimento Juntos Pelo Brasil, na manhã deste sábado. Lula reforçou o compromisso de fazer o Brasil voltar a ser o país dos brasileiros
Publicado: 07 Maio, 2022 - 14h47 | Última modificação: 07 Maio, 2022 - 15h11
Escrito por: Andre Accarini | Editado por: Marize Muniz
“Fui vítima de uma das maiores perseguições políticas e jurídicas da história deste país, fato reconhecido pela Suprema Corte Brasileira e pela Organização das Nações Unidas”, afirmou o ex-presidente Lula (PT) em seu discurso no lançamento do Movimento Juntos pelo Brasil, realizado no Expo Center Norte, em São Paulo, manhã deste sábado (7), se referindo a farsa processual montada pelo ex-juiz Sérgio Moro, que o condenou à prisão, sem crime e sem prova.
“Mas não esperem de mim ressentimentos, mágoas ou desejos de vingança. Primeiro, porque não nasci para ter ódio, nem mesmo daqueles que me odeiam”, continuou o petista que falou de reconstrução, de esperança e de um Brasil para todos os brasileiros, como a maioria dos convidados do evento, entre eles o presidente Nacional da CUT, Sérgio Nobre, que falou sobre as prioridades do próximo presidente neste dia que considerou histórico, e o o ex-ministro-chefe da Casa Civil, Gilberto Carvalho, que se referiu as eleições deste ano como “uma batalha duríssima, mas vitoriosa”.
E a batalha será dura mesmo, como disse o ex-presidente, porque é preciso restaurar a democracia e reconstruir o país.
A tarefa de restaurar a democracia e reconstruir o Brasil exigirá de cada um de nós um compromisso de tempo integral. Não temos tempo a perder odiando quem quer que seja
Na abertura do evento, a história da trajetória do Brasil com Lula na presidência foi relembrada, desde sua eleição em 2002 até os momentos mais sombrios de sua vida quando sua liberdade e direitos políticos foram caçados e o ex-presidente foi cruelmente perseguido pelo extremismo da direita e por parte da Justiça e da mídia nacional. A maior campanha de mentiras já promovida contra um líder popular foi lembrada com imagens da vigília Lula Livre naqueles 580 dias de prisão arbitrária na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, um tempo em que os brasileiros, assim como Lula, não abriram mão de lutar para provar a inocência do melhor presidente da história do país, como constataram várias pesquisas.
Após a transmissão do vídeo do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), que será vice de Lula na chapa e não comparecu porque contraiu Covid-19, e acompanhando pelas lideranças dos partidos, centrais e movimentos que se uniram pelo Brasil, o ex-presidente começou seu pronunciamento abrindo o coração para reafirmar a sua missão de reconstruir o Brasil e devolver o sonho de um futuro melhor aos brasileiros e brasileiras.
“É para conduzir o Brasil de volta para o futuro, nos trilhos da soberania, do desenvolvimento, da justiça e da inclusão social, da democracia e do respeito ao meio ambiente, que precisamos voltar a governar este país”, disse o ex-presidente, após detalhar a situação atual do país e reforçar que a soberania do Brasil é ponto chave na retomada do desenvolvimento.
Além das forças políticas que já fazem parte do movimento, Lula conclamou todos aqueles que defendem a democracia do país a se unirem nessa luta para combater e derrotar o extremismo que assolou o país com o governo de Jair Bolsonaro (PL).
“Queremos unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes sociais e de todos os credos religiosos para enfrentar e vencer a ameaça totalitária, o ódio, a violência, a discriminação, a exclusão que pesam sobre o nosso país”, disse Lula em seu discurso.
Queremos construir um movimento cada vez mais amplo de todos os partidos, organizações e pessoas de boa vontade que desejam a volta da paz e da concórdia ao nosso país
O ex-presidente lembrou de alguns dos princípios que nortearam sua atuação no comando do país. Um deles, artigo raro hoje em dia, é o diálogo, não somente entre as instituições democráticas do país (os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), mas também com a sociedade. Nos governos de Lula e Dilma, a participação popular foi base para a formulação de inúmeras políticas públicas que beneficiaram milhões de pessoas.
“Quando governamos o país, o diálogo foi a nossa marca registrada [...]E agora precisamos de novo mudar o Brasil. Vamos precisar convocar tudo outra vez. Chamar todas as pessoas”, disse.
Ao tomar posse na presidência da República, em 2003, Lula afirmou que se, ao final se seu mandato, se todos os brasileiros tivessem condições de ter ao menos três refeições diárias, ele teria cumprido a missão da sua vida. No governo Lula o Brasil saiu do Mapa da Fome. Depois do golpe voltou ao triste ranking da pobreza e da desgraça do povo.
Com o Brasil e volta ao mapa da fome, sofrendo com o desemprego e falta de renda, com milhões de brasileiros sem expectativa de uma melhora nas condições de vida, Lula se vê, novamente, diante do mesmo desafio.
“Tudo o que fizemos e o povo brasileiro conquistou está sendo destruído pelo atual governo. O Brasil voltou ao Mapa da Fome da ONU, de onde havíamos saído em 2014, pela primeira vez na história. É terrível, mas não vamos desistir, nem eu nem o nosso povo. Quem tem uma causa jamais pode desistir da luta” disse Lula
Travamos contra a fome a maior de todas as batalhas, e vencemos. Mas hoje sei que preciso cumprir novamente a mesma missão
Para realizar esse sonho do Brasil, cumprir essa missão, Lula diz que um presidente, um governante, precisa ter empatia, “ter a capacidade de viver em sintonia com as aspirações e os sentimentos das pessoas, especialmente das que mais precisam".
Citando esses sentimentos, Lula falou da alegria com a melhora da qualidade de vida do povo, com as conquistas como a casa própria e a realização do sonho de ver o filho se tornar doutor depois de ter acesso à universidade.
“Mas não basta ao bom governante sentir como se fossem suas as conquistas do povo sofrido. Para governar bem, ele precisa ter também a sensibilidade de sofrer com cada injustiça, cada tragédia individual e coletiva, cada morte que poderia ser evitada. Infelizmente, nem todo governante é capaz de entender, sentir e respeitar a dor alheia”, disse Lula.
De maneira propositiva, Lula apontou questões que precisam ser retomadas de forma urgente. Após o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff, conforme a CUT e forças democráticas já afirmavam, a democracia e a soberania estariam sob ataque, assim como os direitos sociais e trabalhistas. Com o governo Bolsonaro, essa ofensiva foi intensificada e, pior, com autoritarismo.
“O artigo 1° da nossa Constituição enumera os fundamentos do Estado Democrático de Direito. E o primeiro fundamento é justamente a soberania. No entanto, a nossa soberania e a nossa democracia vêm sendo constantemente atacadas pela política irresponsável e criminosa do atual governo. Ameaçam, desmontam, sucateiam, colocam à venda nossas empresas mais estratégicas, nosso petróleo, nossos bancos públicos, nosso meio ambiente”, disse Lula.
O ex-presidente elencou os principais ataques, entre eles a entrega do patrimônio público, das nossas riquezas naturais, da destruição do meio ambiente e à falta de garantia de direitos fundamentais como à alimentação, bom emprego, salário justo, direitos trabalhistas e acesso à saúde e educação”.
Lula defendeu também a integração da região – países da América do Sul, América Central e Caribe, fortalecendo Mercosol, UnaSUL e os BRICS.
O Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária do mundo, por conta da submissão, do negacionismo, da truculência e das agressões a nossos mais importantes parceiros comerciais, causando enormes prejuízos econômicos ao país
Ainda sobre o tema da soberania Lula pontou os constantes aumentos de preços em alimentos e produtos, serviços como a energia elétrica e, em especial, os combustíveis, reiterando que a Petrobras deveria voltar a ser uma grande empresa nacional a serviço do povo brasileiro e não de seus acionistas.
Para Lula, soberania também passa pelo cuidado com a geração de energia elétrica. Por isso, citou a tentativa de privatização da Eletrobras como mais uma das frentes de ataque ao Brasil
“Perder a Eletrobrás é perder Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul, entre outras empresas essenciais para o desenvolvimento do país. É perder também parte da soberania sobre alguns dos nossos principais rios, como o rio Paraná e o São Francisco. É dizer adeus a programas como o Luz para Todos, responsável por trazer para o século 21 cerca de 16 milhões de brasileiros que antes viviam na escuridão”, disse o ex-presidente.
E, para o povo brasileiro, no dia a dia, é “aumentar ainda mais a conta de luz, que hoje já pesa não apenas no bolso do trabalhador, mas também no orçamento da classe média”.
Além disso, Lula defendeu os bancos públicos que são fundamentais para dar crédito barato “a quem quer produzir e gerar empregos”; a agricultura familiar que produz 70% dos alimentos que vão à mesa dos brasileiros todos os dias; investimentos em saneamento; e um atenção especial à educação.
Para ele, é inadmissível que um país trate com descaso as universidades, persiga professores e cientistas e corte recursos para o setor – tudo o que o governo atual tem feito.
Lula terminou reafirmando que o caráter do Movimento Juntos Pelo Brasil. “Mais do que um ato político, essa é uma conclamação. Aos homens e mulheres de todas as gerações, todas as classes, todas as religiões, todas as raças, todas as regiões do país. Para reconquistar a democracia e recuperar a soberania”, disse.
Em um discurso claro, sincero e objetivo Lula deu o tom da conversa para indicar o motivo da criação do movimento em torno de sua candidatura, ou seja, reconstruir o Brasil, o que para milhões de brasileiros significa sobrevivência em um país onde se possa ter uma expectativa de futuro, ter emprego, ter o que comer.
E, em sua fala, alguns pontos se destacam. São frases marcantes, que neste momento crítico do país, em um ano de eleições que vão definir esse futuro almejado pelos brasileiros, se tornam históricas. O PortalCUT separou algumas delas.
A luta
“A causa pela qual lutamos é o que nos mantém vivos, é o que renova nossas forças e nos rejuvenesce. Sem uma causa, a vida perde o sentido. Eu e todos nós que estamos juntos nessa hora, temos uma causa: restaurar a soberania do Brasil e do povo brasileiro.”
Emprego
“Este país precisa voltar a criar oportunidades, para que as pessoas possam viver bem, melhorar de vida e tornar seus sonhos realidade”
Educação
“Não haverá soberania enquanto a educação continuar a ser tratada como gasto desnecessário, e não como investimento essencial para fazer do Brasil um país desenvolvido e independente”.
Saúde
“Não fossem o SUS e os corajosos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, a irresponsabilidade do atual governo nessa pandemia teria custado ainda mais vidas”
Cultura
"Não haverá soberania enquanto o atual governo continuar tratando a cultura e os artistas como inimigos a serem abatidos, e não como geradora de riqueza para o país e um dos maiores patrimônios do povo brasileiro."
Democracia
"É para conduzir o Brasil de volta para o futuro, nos trilhos da soberania, do desenvolvimento, da justiça e da inclusão social, da democracia e do respeito ao meio ambiente, que precisamos voltar a governar este país."
Ideologia
"Dizia o nosso querido Paulo Freire: 'É preciso unir os divergentes, para melhor enfrentar os antagônicos'”.
Atuação
"Mas não esperem de mim ressentimentos, mágoas ou desejos de vingança. Primeiro, porque não nasci para ter ódio, nem mesmo daqueles que me odeiam. Mas também porque a tarefa de restaurar a democracia e reconstruir o Brasil exigirá de cada um de nós um compromisso de tempo integral."
Conflito entre os poderes
"É imperioso que cada um volte a tratar dos assuntos de sua competência. Sem exorbitar, sem extrapolar, sem interferir nas atribuições alheias."
Autoritarismo
"Queremos voltar para que ninguém nunca mais ouse desafiar a democracia. E para que o fascismo seja devolvido ao esgoto da história, de onde jamais deveria ter saído."
Povo
"É preciso mais do que governar – é preciso cuidar. E nós vamos outra vez cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro."
O que é o movimento Juntos Pelo Brasil
"O Movimento Juntos Pelo Brasil é uma ação que reúne partidos políticos (PT, PSB, PCdoB, Solidariedade, PSOL, PV e Rede), centrais sindicais (CUT, Força, UGT, CTB, NCST, Intersindical Central da Classe Trabalhadora e Pública Central do Servidor), além de movimentos sociais e personalidades do meio artístico, acadêmico, jurídico e religioso em torno da pré-candidatura de Lula à presidência da República."
Veja um trecho do discurso de Lula