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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Imprensa SeebRio
O Banco Central ‘independente’, aumentou pela décima vez consecutiva a taxa básica de juros, a Selic, passando de 11,75% ao ano para 12,75%. Segundo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC a decisão, tomada nesta quarta-feira (4/5), foi para conter a inflação que está fora de controle e pode subir ainda mais ‘devido às incertezas dentro e fora do país’.
O aumento dos juros é a medida neoliberal para conter a inflação quando a procura é maior do que a oferta, a chamada inflação de demanda, o que não é o caso, já que a economia se encontra estagnada. O que significa dizer que o aumento da Selic – o Brasil já é o país com a maior taxa básica de juros reais, descontada a inflação, do mundo – não vai alterar a disparada dos preços e ainda por cima manterá a economia em frangalhos, dificultando a sua recuperação, freando ainda mais o consumo das famílias, tornando o crédito mais caro e ajudando a quebrar empresas, já em grande dificuldade por conta da política econômica contracionista e dos efeitos da pandemia.
O presidente do Sindicato, José Ferreira, condenou o aumento. "A nossa inflação não é por demanda mas sim fruto de uma política que favorece grupos econômicos em detrimento de grande parcela da sociedade, em particular dos trabalhadores. É estarrecedor ler que além da elevação da taxa nesse mês o Copom já anuncia que haverá novo aumento no próximo mês o que é péssimo já que é mais um dificultador do reaquecimento da economia com a geração de empregos", afirmou. Acrescentou que "a decisão só nos faz reforçar a necessidade de que a sociedade se mobilize e ponha um fim a essa política dando um basta a esse governo".
Aumento beneficia os bancos
A disparada da inflação não é consequência do aquecimento do consumo, mas à política do governo Bolsonaro de regular preços internos, como o dos derivados do petróleo e outros bens, aos do mercado internacional; e também de desvalorização do real frente ao dólar, medida que não tem a ver com alta demanda, mas com a política cambial adotada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Ou seja, a população brasileira é quem vai pagar a conta da alta irresponsável da Selic, que não vai conter a inflação e jogará o país num abismo ainda maior. O aumento da taxa básica terá outro efeito perverso que é o desequilíbrio das contas públicas que o governo Bolsonaro diz tanto defender, já que provoca o aumento da dívida pública, em poder dos bancos. Ou seja, o aumento da Selic beneficia apenas o setor financeiro.
Com a Selic a 12,75% ao ano e em tendência de alta, consultorias já estimam que o governo federal gaste até R$ 760 bilhões só com o pagamento de juros da dívida pública --valor que seria recorde, 51% acima dos R$ 501,8 bilhões gastos em 2015. Com a decisão do BC ‘independente’, a Selic atinge o maior patamar em mais de cinco anos. Em janeiro de 2017, a taxa estava em 13% ao ano.
O aumento representa, também, uma ampliação de 70% no gasto público com juros da dívida de 2021 para 2022. No ano passado, segundo o Banco Central, o governo gastou R$ 448,3 bilhões. Naquele ano, porém, a taxa Selic começou o ano em 2% ao ano. Subiu com o passar dos meses e, em dezembro, estava em 9,25%.