Quinta, 05 Mai 2022 17:13

Com Bolsonaro, BC aumenta Selic pela 10ª vez. Brasileiros é que vão pagar a conta

Política de Bolsonaro de escalada da Selic só beneficia os bancos ao fazer aumentar os juros da dívida pública. Política de Bolsonaro de escalada da Selic só beneficia os bancos ao fazer aumentar os juros da dívida pública.

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

O Banco Central ‘independente’, aumentou pela décima vez consecutiva a taxa básica de juros, a Selic, passando de 11,75% ao ano para 12,75%. Segundo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC a decisão, tomada nesta quarta-feira (4/5), foi para conter a inflação que está fora de controle e pode subir ainda mais ‘devido às incertezas dentro e fora do país’.

O aumento dos juros é a medida neoliberal para conter a inflação quando a procura é maior do que a oferta, a chamada inflação de demanda, o que não é o caso, já que a economia se encontra estagnada. O que significa dizer que o aumento da Selic – o Brasil já é o país com a maior taxa básica de juros reais, descontada a inflação, do mundo – não vai alterar a disparada dos preços e ainda por cima manterá a economia em frangalhos, dificultando a sua recuperação, freando ainda mais o consumo das famílias, tornando o crédito mais caro e ajudando a quebrar empresas, já em grande dificuldade por conta da política econômica contracionista e dos efeitos da pandemia.

O presidente do Sindicato, José Ferreira, condenou o aumento. "A nossa inflação não é por demanda mas sim fruto de uma política que favorece grupos econômicos em detrimento de grande parcela da sociedade, em particular dos trabalhadores. É estarrecedor ler que além da elevação da taxa nesse mês o Copom já anuncia que haverá novo aumento no próximo mês o que é péssimo já que é mais um dificultador do reaquecimento da economia com a geração de empregos", afirmou. Acrescentou que "a decisão só nos faz reforçar a necessidade de que a sociedade se mobilize e ponha um fim a essa política dando um basta a esse governo".

Aumento beneficia os bancos

A disparada da inflação não é consequência do aquecimento do consumo, mas à política do governo Bolsonaro de regular preços internos, como o dos derivados do petróleo e outros bens, aos do mercado internacional; e também de desvalorização do real frente ao dólar, medida que não tem a ver com alta demanda, mas com a política cambial adotada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Ou seja, a população brasileira é quem vai pagar a conta da alta irresponsável da Selic, que não vai conter a inflação e jogará o país num abismo ainda maior. O aumento da taxa básica terá outro efeito perverso que é o desequilíbrio das contas públicas que o governo Bolsonaro diz tanto defender, já que provoca o aumento da dívida pública, em poder dos bancos. Ou seja, o aumento da Selic beneficia apenas o setor financeiro.

Com a Selic a 12,75% ao ano e em tendência de alta, consultorias já estimam que o governo federal gaste até R$ 760 bilhões só com o pagamento de juros da dívida pública --valor que seria recorde, 51% acima dos R$ 501,8 bilhões gastos em 2015. Com a decisão do BC ‘independente’, a Selic atinge o maior patamar em mais de cinco anos. Em janeiro de 2017, a taxa estava em 13% ao ano.

O aumento representa, também, uma ampliação de 70% no gasto público com juros da dívida de 2021 para 2022. No ano passado, segundo o Banco Central, o governo gastou R$ 448,3 bilhões. Naquele ano, porém, a taxa Selic começou o ano em 2% ao ano. Subiu com o passar dos meses e, em dezembro, estava em 9,25%.

 

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