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Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Foto: Nando Neves
A advogada Caroline Proner, Doutora em Direito Internacional pela Universidade Pablo de Olavide, Sevilha (2005), com estágio pós-doutoral em 2008 na École de Hautes Étudesen Sciences Sociales (EHESS) de Paris, foi a convidada para fazer uma análise da conjuntura internacional, neste sábado (2/4), no 6º Congresso da Contraf-CUT. Ela disse que o debate sobre questões voltadas ao direito internacional são relevantes para pensar estrategicamente a conjuntura política na América Latina.
“Não temos mais o direto à ingenuidade. Temos que pensar que foi feita uma ação estratégica de fora para desde a montagem da Operação Lava Jato, com todos os processos concentrados na 13ª Vara de Curitiba com o Ministério Público Federal em ataques coordenados contra as estatais brasileiras, como a Petrobras e a Caixa Econômica Federal e as empresas nacionais e um processo de desinvestimento e desestabilização do Brasil”, avaliou.
Prejuízos da Lava Jato
Carol disse que um estudo revelou os impactos da Lava Jato na economia do país, gerando a perda de 4,4 milhões de empregos e a perda de R$47 bilhões em arrecadação de impostos que deixaram de entrar para os cofres públicos.
“Houve um aspecto econômico geopolítico como método de desestabilização com o impeachment de Dilma e, em seguida, a Lava Jato para impedir o desenvolvimento do Brasil e nosso país continuar a ser o quintal regional dos EUA”, criticou.
Estratégia internacional
A acadêmica disse ainda que a Guerra da Ucrânia é um exemplo de que, por trás de questões e crises regionais, estão grandes interesses econômicos estrangeiros. E citou ainda que as recentes campanhas contra a corrupção, que deveriam ser como ações positivas, na verdade, fazem parte de uma estratégia internacional e que a guerra jurídica contra governos progressistas não ocorreu apenas no Brasil, mas também no Paraguai, Honduras, Equador, Argentina, Chile, Peru e Bolívia, para desestabilizar projetos soberanos e, com uma aparência judicial e legal, atacar de líderes políticos e movimentos voltados para a reforma social.
“O caso brasileiro é considerado o mais nítido, pois temos gravados os diálogos de como aconteceu o processo do golpe de Dilma e a prisão de lula para intervir nos rumos da eleição de 2018. O objetivo era de atacar todo o campo da esquerda e o projeto desenvolvimentista. Diferente de uma guerra tradicional, essa estratégia se dá pela destruição do estado democrático de direito e, no plano econômico, o ataque aos movimentos sociais para implementação do ultraliberalismo e do autoritarismo político, hoje representado pelo Brasil de Bolsonaro”, disse.
“No Chile quase o fascismo ganha a eleição, mas a esquerda conseguiu vencer”, lembra, citando a vitória do jovem de esquerda Gabriel Boric, que derrotou o representante da extrema-direita, José Antonio Kast, em dezembro do ano passado.
A voracidade dos EUA
Segundo Carol, “o combate à corrupção, que seria uma coisa boa, é na verdade uma estratégia de desestabilização”. Países que trabalham com justiça social, distribuição de renda e buscam a soberania nacional sofrem ataques e chamam a atenção dos EUA.
“À descoberta do pré-sal e a política externa e vocação de uma postura firme e solidária na política internacional, com boas relações do Brasil com a Venezuela, Colômbia, negociações altivas com a União Europeia, a ALCA que não aconteceu, a UnaSul e o Mercosul, mas especialmente a Petrobras como exploradora do Pré-Sal e o BRICs chamaram a tenção da voracidade dos EUA”, explicou, considerando as sanções contra a Rússia, Venezuela e Cuba como absolutamente ilegais do ponto de vista do direito internacional.
“É importante observarmos o que vai acontecer após a guerra na Europa, com a queda das reservas em dólar no Brasil. O nosso país em plano internacional precisa se preparar para este novo ciclo, pensar estratégias de defesa internacional”, afirma, referindo-se a nova ordem mundial defendida pela China, Rússia e Índia que coloca em cheque o dólar a economia dos EUA como parâmetros únicos no centro do mundo.
“É preciso pensar o estado como grande indutor do desenvolvimento, repensar os setores usados para desestabilização, como a justiça e o Ministério Público, ajudar na compreensão popular deste processo, retomar a Unisul, o Mercosul, relações com os BRICs, sair do ‘hegemonismo financeiro e bancário’ e equipar a Polícia Federal e setores da inteligência”, propõe como meios de o Brasil se defender de ações externas na política e para defender a soberania nacional.