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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
A Unesco lançou nesta terça-feira, 22 de março, Dia Mundial da Água, um relatório alertando para a importância do uso sustentável da água, incluindo a água subterrânea, os chamados aquíferos, que representam 99% dos recursos hídricos potáveis disponível na Terra. A devastação de florestas também é apontada para um risco de desertificação do solo que ameaça o mais importante recurso natural do planeta, a água.
Um exemplo é o chamado aquífero Guarani, lençol freático que se estendedo Paraguai, Uruguai, Argentina e boa parte das regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Este manancial está sendo ameaçado pela contaminação da terra, especialmente em função do uso de agrotóxicos e queimadas no solo e pela captação indiscriminada, com o Rio Preto, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Segundo um estudo do Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto (Semae) faz o Aquífero Guarani encolher 3,73 metros a cada ano. A gravidade da situação levou o Semae a desativar os poços profundos do Aquífero e captar água do Rio Grande.
A diretor da Secretaria de Meio Ambiente do Sindicato do Rio de Janeiro, Cida Cruz, lembra que os recursos hídricos são como “jazidas minerais”, ou seja, seus recursos são finitos e alerta para a necessidade sustentável da água.
“Ou a sociedade se atenta para a necessidade do uso sustentável da água agora ou a vida do planeta está ameaçada num futuro muito mais breve do que o homem imagina. Essa consciência precisa ser levadas nas escolas, comunidades e locais de trabalho”, explica.
Águas medicinais ameaçadas
Em São Lourenço, Sul de Minas, a população vive em pé de guerra contra a Nestlé, concessionária de todo o manancial de águas mineral e termal do Parque das Águas, principal atração turística da cidade. Moradores denunciam que a multinacional Suiça está ameaçando o manancial com a exploração econômica do engarrafamento de água natural e gasosa, com propriedades medicinais, o que é proibido por Lei.
“Água nenhuma mais tem sabor. A fonte Magnesiana chegou a secar, agora voltou, mas só cai uma tirinha, tirinha. E era bastante”, disse em entrevista à imprensa Alzira Maria Fernandes, que mora em frente ao parque. As vizinhas Lambari e Cambuquira também sofre a mesma pressão de grandes multinacionais, assim como a pequenina cidade de Águas da Prata, cuja água foi comprada pela Cola-Cola, que hoje investe tanto na exploração de água mineral no mundo como em refrigerantes. Na vizinha mineira Poços de Caldas o perigo vem da especulação imobiliária. A cidade é a que mais cresce em todo o estado de Minas Gerais, o que segundo ambientalistas pode contaminar o manancial das águas e fontes minerais.
“Não podemos deixar que os interesses econômicos nacionais e estrangeiros ameacem o nosso manancial de água, que para cidades como essas estâncias hidrominerais, é também o principal recurso econômico turístico, que deve ser tratado com equilíbrio e sustentabilidade. Que este Dia Mundial da Água sirva de reflexão para todos nós”, alerta Cida.
Privatização da água
O diretor da Federa RJ, Jacy Menezes, criticou o processo de privatização da água no Brasil. “Á água é um bem comum, não pode ser privatizada. Nos países desenvolvidos estão sendo reestatizados os serviços de água e esgoto porque entregar ao setor privado não deu e não pode dar certo. Privatizar a água coloca em risco ainda mais a vida humana e do planeta”, disse o sindicalista.
Fórum Mundial - Começou nesta terça-feira (22) e vai até sexta (25) o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), em Dakar, capital do Senegal. Os dirigentes sindicais bancários do coletivo de Meio Ambiente participaram de forma online do encontro.