Terça, 22 Março 2022 17:00
DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Unesco alerta para necessidade do uso sustentável da água

Aquífero Guarani está ameaçado. No Sul de Minas, engarrafamento de água mineral por multinacionais pode acabar com fontes medicinais
Fontes de águas medicinais em Caxambu, Sul de Minas. Engarrafamento indiscriminado por multinacionais ameaça fontes de estâncias hidrominerais no Brasil Fontes de águas medicinais em Caxambu, Sul de Minas. Engarrafamento indiscriminado por multinacionais ameaça fontes de estâncias hidrominerais no Brasil Divulgação/Gov-MG

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A Unesco lançou nesta terça-feira, 22 de março, Dia Mundial da Água, um relatório alertando para a importância do uso sustentável da água, incluindo a água subterrânea, os chamados aquíferos, que representam 99% dos recursos hídricos potáveis disponível na Terra. A devastação de florestas também é apontada para um risco de desertificação do solo que ameaça o mais importante recurso natural do planeta, a água.

Um exemplo é o chamado aquífero Guarani, lençol freático que se estendedo Paraguai, Uruguai, Argentina e boa parte das regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Este manancial está sendo ameaçado pela contaminação da terra, especialmente em função do uso de agrotóxicos e queimadas no solo e pela captação indiscriminada, com o Rio Preto, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Segundo um estudo do Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto (Semae) faz o Aquífero Guarani encolher 3,73 metros a cada ano. A gravidade da situação levou o Semae a desativar os poços profundos do Aquífero e captar água do Rio Grande.

A diretor da Secretaria de Meio Ambiente do Sindicato do Rio de Janeiro, Cida Cruz, lembra que os recursos hídricos são como “jazidas minerais”, ou seja, seus recursos são finitos e alerta para a necessidade sustentável da água.

“Ou a sociedade se atenta para a necessidade do uso sustentável da água agora ou a vida do planeta está ameaçada num futuro muito mais breve do que o homem imagina. Essa consciência precisa ser levadas nas escolas, comunidades e locais de trabalho”, explica.

Águas medicinais ameaçadas

Em São Lourenço, Sul de Minas, a população vive em pé de guerra contra a Nestlé, concessionária de todo o manancial de águas mineral e termal do Parque das Águas, principal atração turística da cidade. Moradores denunciam que a multinacional Suiça está ameaçando o manancial com a exploração econômica do engarrafamento de água natural e gasosa, com propriedades medicinais, o que é proibido por Lei.

“Água nenhuma mais tem sabor. A fonte Magnesiana chegou a secar, agora voltou, mas só cai uma tirinha, tirinha. E era bastante”, disse em entrevista à imprensa Alzira Maria Fernandes, que mora em frente ao parque. As vizinhas Lambari e Cambuquira também sofre a mesma pressão de grandes multinacionais, assim como a pequenina cidade de Águas da Prata, cuja água foi comprada pela Cola-Cola, que hoje investe tanto na exploração de água mineral no mundo como em refrigerantes. Na vizinha mineira Poços de Caldas o perigo vem da especulação imobiliária. A cidade é a que mais cresce em todo o estado de Minas Gerais, o que segundo ambientalistas pode contaminar o manancial das águas e fontes minerais.

“Não podemos deixar que os interesses econômicos nacionais e estrangeiros ameacem o nosso manancial de água, que para cidades como essas estâncias hidrominerais, é também o principal recurso econômico turístico, que deve ser tratado com equilíbrio e sustentabilidade. Que este Dia Mundial da Água sirva de reflexão para todos nós”, alerta Cida.

Privatização da água

O diretor da Federa RJ, Jacy Menezes, criticou o processo de privatização da água no Brasil. “Á água é um bem comum, não pode ser privatizada. Nos países desenvolvidos estão sendo reestatizados os serviços de água e esgoto porque entregar ao setor privado não deu e não pode dar certo. Privatizar a água coloca em risco ainda mais a vida humana e do planeta”, disse o sindicalista.

Fórum Mundial - Começou nesta terça-feira (22) e vai até sexta (25) o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), em Dakar, capital do Senegal. Os dirigentes sindicais bancários do coletivo de Meio Ambiente participaram de forma online do encontro.

 

 

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