Segunda, 21 Março 2022 21:56

Combate à discriminação racial: um desafio de todos

Segunda-feira, 21 de março, foi o Dia Internacional contra a Discriminação Racial.Nossa luta contra o racismo no Brasil precisa ser todos os dias, pois diariamente o país apresenta inúmeros casos de segregação e preconceito.

Polícia mata negros

No Brasil, embora o racismo seja mascarado por uma mitificação histórica de “democracia racial, convivemos com o extermínio de jovens negros das favelas e periferias por ações policiais, situação fortemente agravada no Rio desde os governos Witzel/Cláudio Castro: 86% das pessoas mortas por ações policiais no Rio são negras. A PM do Rio é a que mais mata no país e as balas tem direção baseada na questão racial. São os negros que morrem. A sociedade não pode continuar aceitando estes números de nações em guerra contra nossos irmãos negros com naturalidade e indiferença. Temos que nos indignar contra a banalização da morte e o extermínio de negros e pobres.

Segregação

O mercado de trabalho também segrega. Uma pesquisa feita no ano passado pelo Instituto Guetto revelou que quase metade das pessoas negras “não se sente pertencente ao seu ambiente de trabalho” por sofrer algum tipo de discriminação em sua atividade profissional. Outra pesquisa feita pela Catho, marketplace de tecnologia, em fevereiro deste ano, mostrou que 58% dos profissionais negros disseram não ter as mesmas oportunidades do que os brancos, o que é fato. Não haverá um Brasil justo e desenvolvido sem igualdade de oportunidades e livre de toda a forma de discriminação.
O assassinato absurdo do congolês Moïse Kabagambe a pauladas na Barra da Tijuca, a morte a tiros de Durval Teófilo Filho, em São Gonçalo, que implorou para que o militar, seu vizinho, não atirasse contra ele, a abordagem racista num shopping denunciada pelo dentista Igor Palhano, de 30 anos, filho do saudoso humorista Mussum, não podem ser tratados como casos isolados e nem devem ser lembrados apenas em datas como a do dia 21 de março, mas precisam ser pautados por toda a sociedade todos os dias.

A voz de protesto

Não é uma coincidência que as principais vítimas da violência e do preconceito racial no Brasil são negras. E não podemos nos esquecer de nossos irmãos indígenas. Temos todos que levantar a voz de protesto contra a discriminação racial, de gênero e de orientação sexual neste país e no mundo.
Este 21 de março, Dia Internacional contra a Discriminação Racial, é uma data para reflexão de todos a fim de que possamos, negros e brancos, lutar para banir definitivamente, o preconceito e o racismo. E esta mudança depende de todos nós. Inclusive nos votos que iremos depositar nas urnas das eleições de 2022, buscando representações dos trabalhadores, mulheres, negros e negras e LGBTQIA+. É a oportunidade de um recomeço para a luta pela emancipação popular, igualdade de oportunidades e justiça social, cujas políticas afirmativas são uma ação indispensável neste contexto. Que nossa voz, ação, voto e participação sejam a voz contra toda a forma de opressão, intolerância e discriminação.

Almir Aguiar
Secretário de Combate ao
Racismo da Contraf-CUT

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