Sábado, 19 Março 2022 10:42
TRABALHO ESCRAVO

Entregadores de iFood arrancam aumento de 59% mas greve continua

Trabalhadores, que são submetidos a condições desumanas, exigem também melhores condições de trabalho e reajuste é insuficiente
GREVE NO RIO - Entregadores do iFood cobram salários compatíveis com o aumento dos combustíveis, igualdade de tratamento na empresa e melhores condições de trabalho GREVE NO RIO - Entregadores do iFood cobram salários compatíveis com o aumento dos combustíveis, igualdade de tratamento na empresa e melhores condições de trabalho Divulgação/Vermelho

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Os entregadores do iFood deram um bom exemplo para todos os trabalhadores de que é com mobilização coletiva que se consegue melhorias salariais e de condições de trabalho. A greve do setor garantiu o anúncio da empresa de aplicativo, na sexta-feira (18), de um reajuste de 59% no valor por quilômetro rodado. Mas o movimento grevista mostrou que não basta o aumento salarial, ainda insuficiente, para compensar os seguidos aumentos dos combustíveis, fruto da política de dolarização da Petrobras nos governos Temer e Bolsonaro. As lideranças da categoria anunciaram que, mesmo com a melhora no valor pago, a paralisação vai continuar no município do Rio de Janeiro.

Além do aumento por km rodado, a empresa também aumentou o valor mínimo da corrida, de R$ 5,31 para R$ 6. Em média, é uma correção de 12,9% para todos os entregadores parceiros, um reajuste acima da inflação anual de 2021, que marcou 10,54% de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O iFodd alega que o reajuste beneficiará cerca de 200 mil entregadores, com um total de R$ 3,2 bilhões sendo repassados ao longo de um ano.

Discriminação na empresa

A categoria quer ainda o fim do sistema de divisão das entregas imposta pelo aplicativo. Segundo os grevistas, há duas categorias diferentes para os motoristas, os "nuvem", que trabalham no horário e local que quiserem, recebendo pedidos de entrega de acordo com a proximidade, e os "operadores logísticos (OL)", que são obrigados a trabalhar em um determinado horário e região. Os trabalhadores denunciam que o aplicativo prioriza os operadores logísticos, enquanto os entregadores "nuvem" não são chamados.

“Os entregadores de aplicativos, assim como motoristas de Uber, trabalham em média 16 horas por dia, ganham salários aviltantes e não têm direito a nada. É um trabalho escravo. Um governo popular que seja vitorioso em 2022 precisa fazer o que alguns países fizeram, como a França, de obrigar estas empresas de aplicativos a concederem os direitos trabalhistas, como FGTS, 13º salário e aposentadoria em nosso país”, afirma o diretor do Sindicato dos Bancários do Rio, Sérgio Menezes.

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