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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Como já era esperada, a crise do petróleo causada pela guerra da Ucrânia com o boicote dos EUA e da Europa à produção de combustíveis da Rússia, já repercute nas bombas dos postos de gasolina e no bolso dos brasileiros.
A Petrobras anunciou uma alta de 18,8% e 24,9% no diesel, este último repercutindo nos preços do varejo, visto que a maior parte do transporte no país, feito por caminhões, depende deste derivado. Lideranças de caminhoneiros já ameaçam uma greve nacional. E o gás de cozinha deve ficar 16% mais caro.
Preços em dólar
Desta vez, a alta tem como consequência o boicote dos EUA e da Europa à produção de petróleo da Rússia, em função da guerra na Ucrânia. Mas, a explosão dos preços, não tem como motivação apenas o conflito em continente europeu. Os brasileiros pagam caro e se acostumaram aos aumentos constantes desde que o então presidente Michel Temer (MDB) adotou como política para o setor, em 2016, o Preço de Paridade de Importação (PPI), que na prática é a dolarização dos preços para um consumidor que ganha salários cada vez mais achatados, em real, uma das moedas que mais estão se desvalorizando no câmbio global. Sendo assim, o povo está pagando de acordo com o mercado especulativo internacional do setor, em Rotterdan, na Holanda.
Muito acima da inflação
O presidente Jair Bolsonaro, apavorado com o crescimento da rejeição ao seu governo, que já chega a mais da metade da população, esperneou criticando a política de seu próprio governo, mas declarou que não vai intervir na adoção do PPI, que já acumula uma alta de 157% na gasolina e no diesel, na refinaria, ante uma inflação de 31,5%. Ao mesmo tempo, a explosão nos preços dos combustíveis e do gás de cozinha repercutem na alta inflação, tornando a vida dos consumidores cada vez mais difícil.
Jeitinho eleitoreiro
De olho nas eleições deste ano, a base governista conseguiu aprovar, para tentar frear a escalada dos preços dos combustíveis - pelo menos por enquanto - o Projeto de Lei Complementar (PLP) 11/2020, que teria validade de três anos, o tempo que o governo Bolsonaro precisa para chegar nas urnas segurando a alta, se é que será possível com a manutenção deste modelo econômico. A proposta altera a forma de cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) arrecadado pelos estados além de zerar, até o fim do ano (ano eleitoral) as alíquotas de PIS e Confins, tributos federais.
“Está na cara que o ministro da Economia Paulo Guedes não vai abrir mão da política de dolarização dos combustíveis, que garante recorde de ganhos aos grandes acionistas da Petrobras, que são os bancos e, na prática, o governo está fazendo com que os trabalhadores banquem a tentativa de frear a alta dos preços através de redução e até desoneração de impostos que deveriam ir para educação, saúde e segurança. E o pior: a medida vale até as eleições. É um jeitinho claramente que Bolsonaro está dando para frear as altas dos preços temendo uma derrota em outubro de 2022 e não pensando no povo e nem no país”, disse o vice-presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro0, Vinícius de Assumpção.