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Neurocientista destacou que o Brasil registrou mais mortes totais em janeiro e fevereiro deste ano do que no mesmo período do ano passado
Publicado: 11 Março, 2022 - 09h30 | Última modificação: 11 Março, 2022 - 09h41
Escrito por: Tiago Pereira, da RBA
Para o neurocientista Miguel Nicolelis, a imprensa tradicional vendeu para a sociedade a ideia de que a variante ômicron, supostamente “mais leve”, representaria o fim da pandemia. Contudo, a nova variante causou um “desastre” nos dois primeiros meses deste ano. Com base nos dados do registro civil, ele disse que o Brasil teve mais mortes pela covid-19 em janeiro e fevereiro do que em igual período do ano passado. Assim, extrapolando para todo o período, afirmou que o excedente de mortalidade no Brasil se aproxima de 1 milhão.
“É muito difícil de calcular. Mas o excedente de mortalidade se aproxima de um milhão. Temos atualmente algo entre 800 mil e 1 milhão de mortes pela pandemia”, disse em entrevista ontem (9) ao programa Soberania em Debate, da TVT.
Ele afirma que as mortes por pneumonia terminal e septicemia, por exemplo, praticamente dobraram no início deste ano. Nesse sentido, a sua hipótese é que esses índices encobriram mortes que deveriam ser registradas como covid-19.
“Tivemos o janeiro mais letal dos últimos oito anos. Mas os números de mortes registradas por covid-19 não explicam essa explosão”, ressaltou. Nicolelis destacou que, em janeiro de 2021, as mortes por pneumonia somaram cerca de 13 mil. Nos anos anteriores à pandemia, essa média era um pouco mais baixa. “De repente, neste ano, está lá 26 mil mortes por pneumonia”. Da mesma forma, também houve crescimento proporcional nos casos de septicemia.
“Estou fazendo a mesma análise para fevereiro. Sem finalizar a contabilização, são cerca de 120 mil óbitos. Só 5 mil abaixo em relação ao ano passado”, disse o neurocientista. “A situação ainda é extremamente grave. Mas a realidade não é mais reportada, nem pela mídia, nem pelos gestores.”
Armadilha simbólica
Nicolelis criticou o fim do uso de máscaras em diversas estados e capitais, pois ainda não houve tempo de se avaliar as consequências do carnaval no número de casos e mortes pela covid-19 no Brasil. “Me pergunto: por que a pressa? Qual é o drama de usar a máscara? Basicamente é uma estratégia semiótica. Se você remove a máscara, remove também o símbolo da pandemia. Ao ver todo mundo sem máscara, a pessoa acha que a vida voltou ao normal.”
Nesta quinta-feira (10), o Brasil registrou 588 mortes pela covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). A média móvel de óbitos teve leve alta, ficando em 501 mortes por dia em uma semana. Assim, pela segunda vez consecutiva, esse índice atinge a marca das cinco centenas.
Nas últimas 24 horas, as autoridades de saúde registraram 54.906 casos, crescimento de 3% em relação ao dia anterior. Ainda assim, a média móvel de casos ficou em 49.410, após ter ultrapassado a marca dos 50 mil ontem.
Ao todo, o país tem 654.086 óbitos pela covid confirmados oficialmente, e mais de 29,2 milhões de casos conhecidos.