Quarta, 09 Março 2022 14:16
QUEM MANDOU MATAR?

Mandantes da execução de Marielle Franco ainda não foram identificados

Crime sem resposta e impunidade levam parlamentares bolsonaristas a tirarem fotos, mais uma vez, de placa quebrada com o nome da vereadora psolista

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Quem mandou matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, executados a tiros no dia 14 de março de 2018? Passados quatro anos de uma estranha e vagarosa investigação, esta indagação continua sem resposta. Pela quinta vez houve mudança no delegado responsável pelo caso, o que aumenta as suspeitas de que os mandantes do crime são pessoas poderosas, provavelmente ligadas às milícias do Rio de Janeiro e à política fluminense e nacional.

Alexandre Herdy é o atual delegado a frente das investigações. Ele assumiu em fevereiro deste ano no lugar de Edson Henrique Damasceno, titular da Delegacia de Homicídios da Capital, então responsável pelo caso, novo chefe do Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP).

Amigo da família Bolsonaro

Em 2019, a polícia afirmou ter prendido os autores do crimeso PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz. Ainda não se sabe quem mandou matar a vereadora. Com um patrimônio milionário, Lessa é suspeito de ser matador de aluguel de grupos milicianos e comerciantes. Ele está desde dezembro de 2020 no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Amigo da família Bolsonaro, Lessa contou em entrevista à Revista Veja, que, entre outros políticos, o presidente Jair Bolsonaro intercedeu a seu favor no fim de 2009. Ele conta que o presidente, então deputado federal, ajudou a agilizar o seu atendimento na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), do Rio de Janeiro. Na época, o PM perdeu parte da perna esquerda em um atentado a bomba em seu carro.

Lessa acusa outro PM, também ligado às milícias do Rio de Janeiro, de ser o autor dos tiros que mataram Marielle e seu motorista, Adriano Gomes: o ex-capitão Adriano da Nóbrega, alvejado pela polícia da Bahia há dois anos, que comandava o chamado Escritório do Crime, morto certamente como “queima de arquivo”, confirmando as ligações dos criminosos com o poder político no Rio e, provavelmente, com braços em Brasília.

Afrontando a sociedade

O governador Claudio Castro (PL), bolsonarista, mantém silêncio sobre a falta de resposta para o crime e nem no Dia Internacional da Mulher (8 de março) deu qualquer satisfação ou declaração sobre o assunto. 

A impunidade faz com que parlamentares de extrema-direita debochem e desafiem a sociedade: o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) e o deputado estadual pelo Rio, Rodrigo Amorim (PSL), posaram mais uma vez para foto com a placa quebrada que seria em homenagem a Marielle Franco, na semana passada.

“A verdade é que não basta prender os assassinos. É preciso punir os mandantes do crime. É inaceitável que após quase quatro anos da morte de Marielle, a sociedade ainda não tenha resposta para o crime e o governo estadual não fale nada sobre a estranha atitude de mudança por cinco vezes pela Polícia Civul do delegado responsável pelas investigações do crime. É esta omissão que faz com que parlamentares bolsonaristas voltem a debochar da morte de Marielle. Esta situação nos dá a certeza de que tem gente graúda na política envolvida no caso. Exigimos resposta”, afirma a vice-presidenta do Sindicatodos Bancários do Rio, Kátia Branco.

 

Mídia