Terça, 08 Março 2022 22:25
8 DE MARÇO

Mulheres protestam contra Bolsonaro, discriminação e desemprego

Manifestações ocorreram em pelo menos 40 cidades do país. No Rio teve passeata da Calendária à Cinelândia
Dirigentes sindicais bancárias participaram dos protestos do Dia Internacional da Mulher, no Centro do Rio Dirigentes sindicais bancárias participaram dos protestos do Dia Internacional da Mulher, no Centro do Rio Foto: Nando Neves

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, trabalhadoras de movimentos sindicais e sociais realizaram um protesto nesta terça-feira, dia 8 de março, no Rio de Janeiro. A marcha no Rio de Janeiro foi da Candelária à Cinelândia, no Centro. Milhares de pessoas participaram do protesto contra o governo Bolsonaro, o desemprego e a fome e pelo fim da discriminação de gênero, racial e orientação sexual. Entidades organizadoras do ato público, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a CTB (Central das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil) divulgaram que as manifestações aconteceram em pelo menos 40 cidades do país.

Os números da discriminação

Mesmo sendo 52% da população brasileira, os números da economia revelam a discriminação de gênero no mercado de trabalho. Dados atualizados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (PNDA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até o 4º trimestre de 2021, mostram que mulheres com 14 anos ou mais de idade representam apenas 43,8% do total de pessoas na força de trabalho e 41,6% entre o total de ocupados e ocupadas. Entre as pessoas desocupadas as mulheres representam 52,2% e entre as pessoas fora da força de trabalho são 64,2%.

O futuro nas mãos das mulheres

O lema deste ano é “Pela vida das mulheres, contra a fome, o desemprego e a carestia – Bolsonaro Nunca Mais!”. Cartazes com dizeres como “Mulheres em Combate” e “nenhum direito a menos” fizeram parte da marcha.

As bancárias marcaram presença com uma faixa do Sindicato do Rio de Janeiro. Partidos domo PT, PCdoB, PSOL e PDT partiiparam das manifestações. Nos discursos de lideranças e parlamentares um tema em comum: este ano é preciso derrotar a onda reacionária que trouxe enormes prejuízos ao país desde o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff até as eleições de 2018, resultando em prejuízos para todos os trabalhadores e trabalhadoras, com retirada de direitos, desemprego, perda da renda das famílias, criminalização dos movimentos sociais e aumento da violência doméstica. E as mudanças passam pela mobilização popular para derrotar Jair Bolsonaro e, no Rio, Cláudio Castro nas eleições de 2022. 

“Nós mulheres temos que entender que o futuro de nosso país, de nosso povo está em nossas mãos. Somos mais da metade do eleitorado e precisamos dar uma resposta pesada contra os governos fasicistas e antipopulares do presidente Bolsonaro e, no Rio, do governador Cláudio Castro, até para reestabelecermos a democracia e dar um fim à criminalização dos movimentos sociais e sindicais e colocar como pauta de um futuro governo popular, nossas lutas pelo fim à violência doméstica e da discriminação contra todas as mulheres, mas muito especialmente contra as negras, que sofrem duplo preconceito, de gênero e de raça”, destacou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco.

O preconceito do presidente

No mesmo dia, numa cerimônia realizada no Palácio do Planalto, em Brasília, o presidente Bolsonaro fez uma declaração sexista e machista ao dizer que “a mulher hoje já está praticamente integrada à sociedade”, causando revolta nos manifestantes de todo o país.

A diretora do Jurídico do Sindicato e presidenta da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores do Ramo Financeiro), Adriana Nalesso, disse que as mulheres exigem respeito e que é possível virar o jogo político.

“Nós queremos respeito. É inadmissível que nesse período da pandemia a gente tenha vivenciado o aumento da violência doméstica. Conquistamos no acordo coletivo da categoria bancária uma cláusula de combate à violência contra as mulheres através do projeto Basta, não irão nos calar que será lançado no próximo dia 22. Esse ano é decisivo para nós precisamos além de um presidente comprometido com as pautas das mulheres e da classe trabalhadora, também parlamentares envolvidos com as nossas causas. Só assim vamos virar esse jogo.

Feminicídio cresce no Rio

A violência doméstica também foi uns dos temas principais da atividade e dos discursos dos participantes. 

Somente em janeiro deste ano, foram 11 novos casos de feminicídio no estado do Rio, que registrou outros 94 processos em 2021. Já em relação a outros tipos de violência doméstica, como agressão física e psicológica, por exemplo, foram 5.765 registros em janeiro de 2022, tendo havido 62.008 novos casos em 2021. Também no ano passado, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deferiu 33.830 medidas protetivas de urgência, número 17,01% superior ao registrado em 2020.  A violência também chega às crianças e adolescentes: em 2021, o Núcleo de Depoimento Especial de Crianças e Adolescentes (Nudeca) registrou 737 depoimentos, um aumento de 208% em relação ao ano anterior.  

Live dia 22

No próximo dia 22 de março, às 19 horas, o Sindicato vai realizar uma live para o lançamento da Cartilha do Basta, com as pautas e temas da luta das mulheres no Brasil. A cartilha, em sua versão digital, já está disponível aqui em nosso site.

 

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