Quinta, 03 Março 2022 12:34

Bancos batem recorde na pandemia e não param de demitir

Mesmo faturando R$ 175 bilhões, sistema financeiro fecha mais de 12 mil vagas em 2 anos

Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio

Os cinco maiores bancos do país (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) fecharam 2021 com lucro líquido acumulado de R$ 174,9 bilhões em dois anos.
"Mesmo ganhando tanto dinheiro, em plena crise econômica e sanitária que quebra indústrias e estabelecimentos comerciais, os bancos demitem bancários em massa e exploram a população com os maiores juros do planeta, superados agora somente pela Rússia em função das sanções da guerra na Ucrânia", destaca o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio José Ferreira.
Somente quatro dos principais bancos do país - Banco do Brasil (BB), Bradesco, Itaú e Santander - registraram R$ 90,5 bilhões de lucro líquido em 2021, aumento de 34,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, acumulando em dois anos de pandemia, R$ 157,6 bilhões de lucro.

Somados à Caixa Econômica Federal (CEF), que divulgou em seu balanço no final de fevereiro um lucro de R$ 17,3 bilhões - crescimento de 31,1% na comparação com 2020 -, os lucros desses cinco bancos somam R$ 174,9 bilhões.

Fechamento de agências

O setor fechou mais de 12 mil vagas em dois anos, extinguindo um número cada vez maior de agências físicas, o que além de eliminar postos de trabalho, torna o atendimento aos clientes ainda mais precários e eleva a sobrecarga de trabalho de funcionários, fazendo explodir as doenças ocupacionais na categoria. Somente em 2020 foram 3.180 agências bancárias fechadas.

Riscos de privatização

"Os bancos públicos também continuam faturando muito dinheiro, por isso o sistema financeiro e o ministro da Economia Paulo Guedes estão doidos para entregar está gorda fatia do mercado para os interesses privados, como foi a entrega de ativos do Banco do Brasil para o BTG Pactual, instituição criada pelo próprio Guedes", disse José Henrique, diretor do Sindicato.
O BB teve um lucro líquido recorde de R$ 21 bilhões, um crescimento anual de 51,4%.
O Sindicato lembra que Itaú, Bradesco e Santander só querem a parte lucrativa dos bancos públicos, mas nenhum compromisso com o papel social que somente as instituições públicas desempenham.
"Se dependesse dos bancos privados nem com a tragédia da pandemia da Covid-19 o sistema financeiro teria socorrido a população com vulnerabilidade. Graças ao empenho dos empregados da Caixa foi possível distribuir o auxílio emergencial para os mais necessitados", lembra José Ferreira.

Explosão dos juros

Para pessoa física a taxa de juros está em 28,66% ao ano, chegando a 349,62% na linha de crédito do cartão de crédito rotativo. Com a crise econômica agravada pela política econômica do governo Bolsonaro, os trabalhadores recorrem cada vez mais aí cartão de crédito para abastecer o carro e fazer compras, elevando o endividamento da população. O uso dos cartões em 2021, foi o maior nos últimos 10 anos resultando no endividamento das famílias, que alcançou 50,41% de todos os seus rendimentos e comprometimento da renda de 27,87% com o Sistema Financeiro. Em um ano, o percentual de famílias com dívidas em atraso cresceu 10 pontos percentuais. O cartão de crédito é o principal vilão do endividamento dos brasileirosn(87,1% das dívidas pessoais no país).
O pior é que o modelo econômico rentista no Brasil faz com que o Banco Central, dirigido por banqueiros, eleva ainda mais os juros básicos (Selic) para conter a inflação, aumento ainda mais os juros da dívida pública e mantendo um ciclo vicioso que paralisa o setor produtivo, deixando o Brasil proibido de crescer.

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