Quinta, 24 Fevereiro 2022 11:17

Brasil: 90 anos da conquista das mulheres do direito ao voto

Bertha Lutz, uma das principais lideranças feministas pela garantia dos direitos das mulheres brasileiras. Bertha Lutz, uma das principais lideranças feministas pela garantia dos direitos das mulheres brasileiras.

Olyntho Contente

Foto: Arquivo da ONU.

Imprensa SeebRio

Neste dia 24 completam-se 90 anos da conquista das mulheres ao direito de votar. Consequência das lutas do movimento feminista, que começou a ganhar força a partir na década de 1920, como vários outros movimentos de contestação da chamada República Velha – entre eles a Semana de Arte Moderna, o Movimento Tenentista e a fundação do Partido Comunista do Brasil – o direto das mulheres ao voto foi reconhecido em 1932, sendo incorporado à Constituição de 1934, porém, de forma facultativa, tendo se tornado obrigatório, equiparando-se aos dos homens, em 1965.

O movimento feminista que se fortaleceu ao longo da década de 1920, tinha à frente a professora Maria Lacerda de Moura e a bióloga Bertha Lutz, que fundaram a Liga para a Emancipação Internacional da Mulher – um grupo de estudos cuja finalidade era a luta pela igualdade política das mulheres. Posteriormente, Bertha Lutz criou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, considerada a primeira sociedade feminista brasileira

Essa organização tinha como objetivos básicos: “promover a educação da mulher e elevar o nível de instrução feminina; proteger as mães e a infância; obter garantias legislativas e práticas para o trabalho feminino; auxiliar as boas iniciativas da mulher e orientá-la na escolha de uma profissão; estimular o espírito de sociabilidade e cooperação entre as mulheres e interessá-las pelas questões sociais e de alcance público; assegurar à mulher direitos políticos e preparação para o exercício inteligente desses direitos; e estreitar os laços de amizade com os demais países americanos”.

É célebre a frase de Bertha Lutz: "Recusar à mulher a igualdade de direitos em virtude do sexo é negar justiça à metade da população". A resistência ao reconhecimento dos direitos das mulheres de forma geral sempre foi imensa e, quanto ao voto, não seria diferente. Foi preciso muito engajamento e luta para a conquista desse direito fundamental.

A vice-presidenta do Sindicato, Kátia Branco, fala sobre a importância do direito ao voto. “A conquista do voto feminino é um marco importante na história do Brasil. Sem poder votar nos seus representantes, as mulheres não exerciam a cidadania que os membros de uma sociedade, organizados em uma nação, têm o direito legítimo”, afirmou. Acrescentou que esta conquista se inscreve em um longo processo de luta que ampliou o direito para todos os cidadãos brasileiros que até a Constituição de 1988, ainda era muito restrito.

Direito em lei

As mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar em 24 de fevereiro de 1932, por meio do Decreto 21.076, do então presidente Getúlio Vargas, que instituiu o Código Eleitoral. Vargas chefiava o governo provisório desde o final de 1930, quando havia liderado um movimento civil-militar que depôs o presidente Washington Luís. Uma das bandeiras desse movimento (Revolução de 30) era a reforma eleitoral. O decreto também criou a Justiça Eleitoral e instituiu o voto secreto.

Em 1933, houve eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, e as mulheres puderam votar e ser votadas pela primeira vez. A Constituinte elaborou uma nova Constituição, que entrou em vigor em 1934, consolidando o voto feminino – uma conquista do movimento feminista da época.

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