Entre as tristes histórias que impactaram o país está a história de Giselli Carvalho e Gizelia de Oliveira Carminante, que perderam a filha de 1 ano e mãe; e a filha adolescentes de 17 anos, respectivamente. As vítimas estavam em casa, no Morro da Oficina,
quando morreram abraçadas e soterradas pela lama que desceu da encosta.
Giselli, mãe da bebê Helena, contou que demorou nove anos para conseguir engravidar pois queria estar preparada para assumir a responsabilidade. A criança iria ganhar uma festa de aniversário esse ano e havia acabado de entrar na escolinha. Giselli estava no trabalho no momento da tragédia. Em casa, estava a sua mãe, Tânia Leite Carvalho, de 55 anos, responsável por cuidar da criança durante o dia, e a sobrinha Maria Eduarda Carminate Carvalho, de 17 anos.
A história da avó e neta, também localizadas no Morro da Oficina, repercutiu. Os corpos de Celi Miranda Maria, de 86 anos, e Maria Eduarda Miranda Sant’Anna Alves, de 17 anos, foram encontrados pelo Corpo de Bombeiros no fim da tarde desta terça-feira (22).
Elas foram soterradas pelo grande volume de lama e entulho que desceu do alto do morro.
A madrasta de Maria Eduarda disse que a jovem sabia que precisava subir para o segundo andar para tentar se salvar, mas se recusou a sair do lado da idosa, que é acamada e não poderia subir as escadas da casa. O pai da menina passou a tarde desta terça-feira acompanhando as buscas.
Reconstrução da cidade e suporte às vítimas da tragédia
O Ministério do Desenvolvimento Regional autorizou, na noite desta terça-feira, a liberação de até R$ 70 milhões para dar início à primeira fase do plano de reconstrução de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Em Brasília, o governador do Rio, Cláudio Castro, apresentou ao Rogério Marinho o andamento dos estudos e projetos básicos para intervenções estruturais e de construção de unidades habitacionais para as vítimas das fortes chuvas que atingiram a cidade.
Diante da necessidade de remoção de moradias em áreas de risco e do número de desabrigados, o Ministério do Desenvolvimento Regional definiu que não haverá limitação de recursos. Com base no número de pedidos de Aluguel Social, estima-se que serão necessárias mais de 1 mil unidades habitacionais.
"A prefeitura e o governo do estado vão buscar os terrenos, mas não há restrição de orçamento ou limite do número de unidades", garantiu o ministro.
Atualmente a cidade contabiliza 867 desabrigados. Eles foram acolhidos em 13 escolas públicas que se encontram sob a responsabilidade da secretaria municipal de assistência social. Na segunda-feira (21), o prefeito Rubens Bomtempo anunciou ter fechado um acordo com o governador fluminense Cláudio Castro para elevação do valor do aluguel social. Ficou decidido que o auxílio será de R$ 1 mil por família, sendo R$ 800 pagos pelo estado e R$ 200 pelo município. Pessoas que estão alojadas nas escolas serão automaticamente cadastradas como beneficiários do aluguel social.
O aluguel social é um benefício cujo objetivo é permitir que as famílias possam alugar quartos ou casas temporariamente. A prefeitura também cadastrará os desabrigados no programa do Cartão Imperial. "Esse benefício, no valor de R$ 70, é pago mensalmente a mais de quatro mil famílias e tem como objetivo o complemento de renda para a compra de alimentos", informa o município.
Maior tragédia da cidade de Petrópolis
O temporal que desabou em Petrópolis foi apontado pelo governo do Rio de Janeiro como a pior chuva na cidade desde 1932. Segundo o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, choveu 258,6 milímetros em apenas 3 horas. Os números já fazem da tragédia a maior da história da cidade. Uma outra catástrofe ocorrida devido às chuvas deixou 171 mortos em 1988. Já em 2011, 73 moradores de Petrópolis perderam a vida em meio a temporais que caíram sobre a região serrana, atingindo mais fortemente as cidades de Teresópolis e Nova Friburgo.