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Pesquisadores alertam que os números de novos casos de covid-19 podem atingir “níveis muito mais elevados” nas próximas semanas
Publicado: 14 Janeiro, 2022 - 09h20 | Última modificação: 14 Janeiro, 2022 - 10h34
Escrito por: Tiago Pereira, da RBA
A rápida disseminação da variante ômicron do novo coronavírus já causa sobrecarga nos serviços de saúde no Brasil. De acordo com o Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Pernambuco está com 82% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a Covid-19 ocupados.
Outras quatro capitais também estão na “zona de alerta crítico”: Fortaleza (88%), Recife (80%) Belo Horizonte (84%) e Goiânia (94%). A nota técnica da Fiocruz foi divulgada nesta quinta (13), com base nos dados de ocupação da última segunda-feira (10).
Outros sete estados estão em “alerta intermediário”: Pará (71%), Tocantins (61%), Piauí (66%), Ceará (68%), Bahia (63%), Espírito Santo (71%) e Goiás (67%), além do Distrito Federal (74%). Também se encontram nesta situação as capitais Porto Velho (76%), Macapá (60%), Maceió (68%), Salvador (68%), Vitória (77%) e Brasília (74%).
Os pesquisadores ressaltam que atualmente é menor o total de leitos disponíveis em relação ao auge da pandemia, no ano passado. No entanto, alertam que os números de novos casos de covid-19 atinjam “níveis muito mais elevados” nas próximas semanas. Nesse sentido, os sistemas de saúde deverão ser ainda mais pressionados.
Em função do avanço da ômicron, a Fiocruz orienta os gestores públicos a estarem prontos para acionar “planos de contingência”. As medidas devem ser planejadas atender o provável aumento na demanda por atendimento. Também destaca a importância de reorganizar a rede de serviços de saúde para dar conta dos desfalques de profissionais afastados que forem infectados.
Além disso, sugerem o reforço na atenção primária, inclusive com teleatendimento. Outra medida fundamental no combate à pandemia é “prosseguir na vacinação da população”.
Urgência na testagem
A Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (Anesp), o Observatório COVID-19 BR e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) enviaram uma nota o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e para o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. As entidades solicitam urgência na elaboração de uma política de testagem universal para contenção da covid-19 no país. As entidades afirmam que, nos últimos meses, o Brasil avançou sensivelmente na vacinação. Contudo, o mesmo não ocorreu em relação aos testes.
“Aperfeiçoar o plano nacional de testagem é uma medida de extrema urgência neste momento, com a massificação do acesso a testes de antígeno para diagnóstico da Covid-19 na rede pública de saúde, inclusive permitindo o uso de autotestes”, diz o documento.
As entidades afirma que a “ausência” de uma política de testagem massiva e universal prejudica a resposta à pandemia. Nesse sentido, pediram mudança na regulamentação para permitir o autoteste no Brasil. Apontam que o uso desse tipo de teste tem auxiliado no controle da pandemia em países como Estados Unidos, Argentina, Reino Unido, Israel, Cingapura, França e Alemanha. Desde o início do ano, Saúde e Anvisa batem cabeça em relação às mudanças normativas necessárias para autorizar o autoteste.
As entidades afirmam que a incorporação da autotestagem como política pública, também diminuiria o potencial de transmissão da ômicron nos locais de realização de testes. Dizem que, com possibilidades de testagem restritas, tem ocorrido concentrações de pessoas nos estabelecimentos de saúde, farmácias e laboratório.
Além disso, salas fechadas, sem ventilação, também contribuem para a disseminação do vírus. “Ou seja, a política atual acaba por estimular o contágio, não para mitigá-lo”.
Covid no Brasil hoje
Com o avanço acelerado do contágio pela variante ômicron do novo coronavírus o Brasil registrou 97.986 novos casos de Covid-19 nesta quinta, contados em um período de 24 horas. A média móvel de diagnósticos chega a 61.141 a cada um dos últimos sete dias. O índice avança a patamares registrados em junho e julho do ano passado, quando o país viveu o pico da chamada segunda onda da infecção. Os dados fornecidos pelo boletim diário do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
O orgão também informa que, no mesmo período, foram 174 óbitos registrados oficialmente. Com isso, são oficialmente 620.545 vítimas da doença, desde o início da pandemia, em março de 2020. Contudo, no último mês, os números não são precisos, em função do apagão de dados do Ministério da Saúde no último mês.