Governo desiste de exigir receita médica em vacinação de crianças contra covid-19
Publicado: 06 Janeiro, 2022 - 11h36 | Última modificação: 06 Janeiro, 2022 - 11h43
Escrito por: RBA
ERASMO SALOMÃO / MS
O governo federal decidiu incluir crianças de 5 a 11 anos no programa de vacinação contra a covid-19, mas desistiu de exigir prescrição médica. Ou seja, vai fazer como recomendam especialistas e a comunidade científica. E também como defendem todos os estados e o Distrito Federal. O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (5) que já encomendou 20 milhões de doses da vacina da Pfizer para crianças – população dessa faixa etária estimada pelo IBGE. A quantidade, portanto, é suficiente para a aplicação apenas da primeira das duas doses recomendadas para o imunizante.
O calendário de vacinação começará somente depois da segunda quinzena deste mês. A ordem será das crianças mais velhas para as mais novas, com prioridade para quem tem comorbidade ou deficiência permanente. Para receber a dose, basta a criança estar acompanhada da mãe, pai ou de um responsável legal. Mas não poderá ser exigida prescrição médica, como antes defendia o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Desse modo, o governo se retira com atraso, e depois de seguidas derrotas, de um embate desnecessário. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia reconhecido a eficácia da vacina para crianças e recomendado desde 16 de dezembro sua aplicação. Contrariando a Anvisa, a política promoveu ações protelatórias, mas acabou sofrendo duas derrotas contundentes nos últimos dias.
Consulta e audiência
A primeira, a consulta pública que o governo Bolsonaro promoveu sem a menor necessidade e colheu, até o último domingo (2), 100 mil manifestações favoráveis ao imunizante, sem prescrição médica. E a segunda durante audiência pública em que cientistas e especialistas desmontaram os negacionistas escalados pelo governo. Desse modo, Queiroga só conseguiu retardar o processo de vacinação. Ou seja, agiu da mesma forma com relação ao início da vacinação do público adulto.
“De duas semanas pra cá, a situação piorou muito. Na segunda-feira (3), por exemplo, foi o dia em que mais fiz pedidos de covid-19 desde o início da pandemia. Tem sido assim nos últimos dias. Nunca fiz tantos pedidos de exames na vida”, disse o infectologista Márcio Nehab, que é do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FioCruz).