Segunda, 03 Janeiro 2022 22:49

Que 2022 seja o ano do verbo esperançar

Por Kátia Branco
Presidenta em exercício do SeebRio

O ano de 2021 foi um dos mais duros para a grande maioria dos brasileiros e brasileiras e mais ainda para a classe trabalhadora. E a nossa categoria não está fora deste dramático contexto. O governo Bolsonaro conspirou contra a vacina o quanto pôde, se opondo ao lockdown e ao uso de máscaras, espalhando fake news, fazendo apologia do chamado “tratamento precoce” e da “imunização de rebanho” (deixar milhares de pessoas morrerem para uma espécie de “imunização natural”), tudo sem nenhum respaldo da ciência, o que custou a vida de tantas pessoas e poderia ter sido evitado. O resultado não poderia ser mais trágico: mais de 620 mil vidas ceifadas em nosso país. Apesar do Bolsonaro, o SUS (Sistema Único de Saúde) mostrou ser um instrumento fundamental para a saúde pública, assim como os bancos públicos nos programas em socorro econômico dos mais vulneráveis.

Desastre econômico

A tragédia da péssima e insana gestão sanitária repercutiu no desastre econômico, agravado pelo ultraliberalismo de Paulo Guedes. O Brasil tem 14,7 milhões de desempregados mais seis milhões de desalentados (pessoas que desistiram de procurar trabalho). É o quarto pior índice de desemprego no mundo. A renda média dos brasileiros recuou por quatro trimestres seguidos, o pior desempenho desde 2012 segundo o IBGE, a inflação explodiu e é a terceira pior do mundo; o PIB caiu pelo segundo trimestre seguido, resultando em recessão técnica. O Brasil de Bolsonaro tem o 26º pior desempenho do planeta entre 33 países pesquisados e nossa moeda, o real, é a que mais desvalorizou entre as 20 maiores economias. Caímos da 9ª maior economia, para a 12ª no ranking mundial. Um desastre.

Categoria sente a crise

Mesmo com o movimento sindical tendo conseguido preservar os direitos previstos em nossa Convenção Coletiva de Trabalho, não há quem não tenha sentido o peso desta crise, fruto não são somente da pandemia, mas da política econômica desastrosa de Paulo Guedes. Os bancos privados pioram a situação da categoria, fechando agências e demitindo em massa e o governo também extingue unidades e reduz mão de obra nos bancos públicos com claro objetivo de privatizar estas instituições. O resultado é a sobrecarga de trabalho que somada ao assédio moral está adoecendo os bancários.

Novo ano, novos rumos

Mas, com tanta adversidade, como esperar que 2022 seja o ano do verbo esperançar? Temos eleições presidenciais, para governador e para o parlamento nacional e estaduais. Mudar o rumo e varrer esta tragédia política que vivemos significa defender a vida, a democracia, os empregos e direitos dos trabalhadores. Votar em quem tem compromisso com a valorização do trabalho e da produção e não da especulação. O povo chileno mostrou que isso só é possível com o povo mobilizado.
A recuperação de nosso bravo companheiro José Ferreira, sua luta pela vida e persistência nos inspira a enfrentar os desafios e nos dá certeza de que, sim, é possível mudarmos as situações de adversidades. Está em nossas mãos mudar os rumos do país. E isso é urgente para resgatar a geração de emprego e renda, promover a igualdade de oportunidades e o fim da violência institucional e de toda a forma de preconceito.
Juntos, o verbo esperançar poderá reacender a chama dos sonhos de um Brasil justo e fraterno, que respeite a democracia e as diferenças e construa os alicerces da grande nação que somos, derrotando os arroubos do arbítrio, do negacionismo e do racismo que tanto mal têm feito ao povo brasileiro e ao Brasil. Eu esperanço. Tu esperanças. Nós esperançamos.
Juntos, é possível virarmos este jogo.

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