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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Imprensa SeebRio
Carlos Vasconcellos
“O Chile é a suíça da América Latina”, dizia o ministro da Economia do Governo Bolsonato, Paulo Guedes, referindo-se ao modelo neoliberal herdado da ditadura do general Pinochet. Mas a realidade do povo chileno é outra. O número de idosos na miséria é cada vez maior fruto da privatização da previdência, que levou os aposentados a ter uma renda média de meio salário mínimo. Jovens chilenos, que não quiseram se identificar, em turismo no Brasil, confirmaram o drama do povo chileno. “Eu, como a maioria dos jovens, sustento a minha vó e compro remédios. Os bancos privados ficam com a maior parte do dinheiro investido e pagam um benefício miserável”, declarou ao Jornal Bancário.
Estado forte
Foi esta situação dramática e uma crise econômica sem precedentes na história chilena que levou milhões de pessoas às ruas de Santiago protestar contra o modelo econômico a previdência privada. Este ano veio a conta: o povo derrotou a extema-direita com a vitória do jovem Gabriel Boric, de apenas 35 anos, no domingo (19). Boric, que já foi deputado e líder estudantil, derrotou no segundo turno o advogado José Antonio Kast, candidato da extrema-direita.
Ele teve 55,9% dos votos, contra 44,1% de Kast, e o candidato da extrema direita telefonou para Boric, reconhecendo a derrota e parabenizando-o pela vitória.
“Vou ser o presidente de todos os chilenos, porque acho importante ter interlocução com todos, e os acordos devem ser entre todas as pessoas e não entre quatro paredes”, disse o presidente recém-eleito. Boric havia ficado em segundo lugar no primeiro turno, com 25,82% dos votos. Kast teve 27,91%.
O candidato da esquerda defende um modelo semelhante à social-democracia europeia, com um estado de bem-estar social para todos.
O programa de governo do presidente eleito tem os seguintes pontos fundamentais: ampliar a participação do Estado para o bem-estar social; reforma tributária que taxe os mais ricos e não puna a produção e o trabalho; mudança do sistema de pensões e aposentadoria, com o fim do sistema de capitalização privada.
O BTG Pactual, banco fundado por Paulo Guedes, administra US$R$1,130 bilhões do dinheiro investido pelos chilenos. O modelo de capitalização privada que gerou a revolta popular, culminando com a vitória da esquerda chilena, é o mesmo que Guedes quer implementar no Brasil.