Terça, 07 Dezembro 2021 18:12

Bancários protestam contra esvaziamento imposto por Bolsonaro no BB e na CEF

Objetivo do governo é preparar a privatização de ambos Objetivo do governo é preparar a privatização de ambos

Olyntho Contente*

Imprensa SeebRio

Protestos, paralisações e tuitaços marcaram o Dia Nacional de Luta contra as péssimas condições de trabalho no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal. Detentor do controle de ambos, o governo Jair Bolsonaro (PL) vem desmantelando a estrutura destes dois bancos públicos, reduzindo o número de funcionários e de agências, piorando, como consequência o atendimento à população, para diminuir a resistência ao projeto de privatização do BB e da Caixa.

Durante as atividades de rua, foram entregues duas cartas abertas direcionadas à população, para explicar os motivos das manifestações. Além destas atividades, as redes sociais também foram “invadidas” pela hashtag #ProcuramosNoBBeCaixa para denunciar a falta de condições de trabalho nos maiores bancos públicos do país.

Todo este processo de esvaziamento vem sobrecarregando os funcionários, que ainda sofrem com a fixação de metas de venda desumanas, abusivas, além serem atingidos pelo assédio moral institucional, levando muitos ao adoecimento. “Os funcionários estão sobrecarregados em decorrência das últimas reestruturações do BB, inclusive durante a pandemia, com redução de mais 7 mil funcionários, só no Banco do Brasil. É necessária e urgente a convocação dos concursados”, afirmou Rita Mota, diretora do Sindicato e membro da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB).

A coordenadora do Grupo de Trabalho de Defesa dos Bancos Públicos e secretária de Juventude da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fernanda Lopes frisou que o objetivo dos protestos foi também o de mostrar que toda esta situação acaba por prejudicar o atendimento à população. Nos últimos anos, tanto a Caixa quanto o Banco do Brasil vêm sofrendo com a redução de pessoal, fechamento de agências e a venda de áreas importantes e altamente lucrativas para a iniciativa privada, o que prejudica o atendimento diário à população, mas sobretudo a atuação dos bancos como um todo.

Falta de reconhecimento

A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, ressaltou a falta de reconhecimento do trabalho realizado pelos trabalhadores. “A falta de reconhecimento é um ponto comum em todos os bancos e, mais do que isso, por todos os patrões”, observou. Ela ressaltou, porém, que a Caixa implantou, sem negociação com as representações sindicais, uma ferramenta chamada de “curva forçada” que, independente do resultado obtido, classifica 5% dos empregados como “não atende”. “Eles são punidos com a não evolução no plano de cargos e salários (PCS), por exemplo, o que significa perda de remuneração e de possibilidade de evolução na carreira”, explicou Fabiana, que também é secretária de Cultura da Contraf-CUT.

Protestos continuarão

Fabiana disse ainda que as atividades realizadas nesta terça-feira devem continuar até que o banco reconsidere a posição de querer implementar a “curva forçada” no programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP), que já recebia crítica dos empregados mesmo antes do acréscimo da “curva forçada”. “A GDP, que também foi implementada sem negociação com os empregados, já era ruim pois se utiliza de critérios subjetivos para avaliar o desempenho dos trabalhadores. Mas, com esse novo mecanismo implementado, se torna inaceitável. Trata-se de uma ferramenta anacrônica, que foi aposentada até pelas empresas privadas nos anos 1980, por não ser capaz de levar ao desenvolvimento profissional e de desempenho das pessoas. E, pior do que isso, o banco confessou que decidiu usá-la para fazer com que os gestores avaliem os empregados sem serem tão ‘bonzinhos’”, completou a coordenadora da CEE/Caixa.

*Com informações da Assessoria de Comunicação da Contraf-CUT.

Mídia