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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
A Prefeitura do Rio de Janeiro publicou, no Diário Oficial do município desta quarta-feira (24), o decreto n° 49815, que determina o tombamento provisório do prédio onde funciona o cinema Estação NET Rio, em Botafogo, zona sul da cidade, que havia recebido ordem de despejo da Justiça no mês passado.
O decreto do prefeito Eduardo Paes leva em conta o valor arquitetônico e cultural do edifício, localizado na rua Voluntários da Pátria, 35, que é representante da arquitetura Art-Déco, característica das décadas de 1930 e 1940.
A decisão tem o objetivo de preservar a edificação, estabelecendo que qualquer intervenção física ao prédio deve ser previamente aprovada pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural do Rio. Além disso, determina que, em caso de alteração ou demolição ilegal do imóvel, o órgão pode exigir a reconstrução do mesmo.
Outro decreto, também publicado nesta quarta, inscreve o NET Rio e outros dois cinemas do Grupo Estação - o Ipanema e o Botafogo - no Cadastro dos Negócios Tradicionais e Notáveis. Com isso, esses espaços passam a ser caracterizados como salas de exibição.
Na decisão, o prefeito destacou os cinemas como “marcos referenciais na cultura cinematográfica da cidade” e ressaltou a importância dos cinemas de rua na “experiência pública” do Rio. Além disso, considerou que os filmes têm papel terapêutico na “cura psíquica”.
O decreto também levou em conta a necessidade de proteger as salas de exibição, que precisaram interromper o funcionamento temporariamente durante a pandemia de Covid-19 e de incentivar a permanência dos negócios tradicionais no Rio.
Ameaça de despejo
O Estação NET Rio anunciou, no último dia 10, que a Justiça havia determinado o despejo do cinema do prédio em Botafogo. A solicitação foi feita pelo Grupo Severiano Ribeiro, responsável pelo imóvel, que alegou a existência de dívidas de mais de R$ 800 mil em aluguéis por parte do Estação.
Na ocasião, os responsáveis pelo cinema afirmaram que o GSR rejeitou tentativas de negociação do débito e acusou o grupo de desejar demolir o espaço e vendê-lo a uma construtora.
O Grupo Severiano Ribeiro, por outro lado, respondeu que procurou negociar as dívidas do Grupo Estação e que o mesmo já havia apresentado problemas em cumprir compromissos anteriormente. Além disso, justifcou a ação de despejo devido à relação comercial com o cinema ter ficado “insustentável”.
O cinema movimentou uma campanha nas redes sociais e pediu para que frequentadores se manifestassem contra o fim do Estação, com a divulgação de uma petição online, que chegou a ter mais de 20 mil assinaturas.