Sexta, 29 Outubro 2021 00:00

Política de alta de juros de Guedes e Campos Neto está na contramão de países desenvolvidos

MODELO ECONÔMICO INVIÁVEL - O Brasil tem uns dos mais altos juros do mundo que contribuem para a estagnação econômica do país. Paulo Guedes e Roberto Campos Neto elevam ainda mais a Selic para tentar conter a inflação MODELO ECONÔMICO INVIÁVEL - O Brasil tem uns dos mais altos juros do mundo que contribuem para a estagnação econômica do país. Paulo Guedes e Roberto Campos Neto elevam ainda mais a Selic para tentar conter a inflação Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Com o Brasil vivendo uma grave crise econômica de estagflação (elevação dos preços com o consumo retraído) e aumento de juros para tentar conter a alta dos preços, muita gente acredita na versão do Governo Bolsonaro de que os juros básicos estão crescendo no mundo inteiro. Não é verdade. O Banco Central Europeu (BCE) anunciou que, mesmo com efeitos negativos da pandemia da Covid-19 sobre a economia e elevação de preços, vai manter a política monetária de juros baixos. O Brasil, que já tem umas das mais altas taxas de juros do mundo, continua aumento a Selic como medida para conter a inflação. O receituário que há décadas aflige o povo brasileiro mostra que o país está proibido de crescer com este modelo econômico rentista, dominado pelo cartel dos bancos, que mantém o chamado tripé macroeconômico criado durante o Governo Fernando Henrique Cardoso que persiste ainda hoje: câmbio flutuante, metas fiscais e metas de inflação.

Autonomia para banqueiros

O BCE alega que a alta dos preços é passageira. Já no Brasil, o Banco Central "autônomo" (na verdade subordinado aos banqueiros, que dominam as equipes econômicas no país) tratou de correr para elevar as taxas de juros, num país que os juros no cartão de crédito ultrapassam 300%, enquanto que na Europa não chegam a 4% ao ano.

 

Juros agravam a crise

Só para se ter ideia da disparidade, o mesmo Santander cobra, na Espanha, em torno de 3,5% ao ano de juros para o cartão de crédito. No Brasil chega a quase 300%. Há financeiras que chegam a cobrar mais de 900% ao ano. Resultado: 67 milhões estão endividados no SPC e 73% da população está enrolada no cartão de crédito, ou seja, o salário não dá para garantir a alimentação do mês e os trabalhadores recorrem ao cartão de crédito e quando recebem no mês seguinte o dinheiro é para pagar a dívida do cartão e as despesas como abastecimento de água, energia elétrica, telefone, internet e impostos, como IPTU.

O povo brasileiro e a economia nacional não aguentam mais esta política de juros muito acima dos mercados internacionais. E é bom lembrar ainda que, as altas taxas dos juros básicos no país inviabilizam ainda mais a economia, pois metade dos impostos pagos pelos brasileiros é para a União pagar os juros da rolagem da dívida e no menor prazo entre todas as grandes economias. Com o atual modelo econômico, aprofundado pela política ultraliberal de Paulo Guedes, o país está proibido de crescer.

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