Quinta, 28 Outubro 2021 23:25

Número de trabalhadores no mercado informal não para de crescer no Brasil

Em três meses, país tem 2,387 milhões a mais de informais, sem direitos trabalhistas e previdenciários
SE VIRANDO PELA SOBREVIVÊNCIA – Centro do Rio tomado de camelôs, realidade nas grandes e médias cidades do Brasil. O mercado informal não para de crescer no Brasil 	SE VIRANDO PELA SOBREVIVÊNCIA – Centro do Rio tomado de camelôs, realidade nas grandes e médias cidades do Brasil. O mercado informal não para de crescer no Brasil

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

As reformas neoliberais dos governos Temer e Bolsonaro resultaram em cerca de 20 milhões de desempregados e quase metade de quem trabalha está no mercado informal, sem direitos trabalhistas e nem mesmo com a garantia de contar tempo para aposentadoria. O Brasil está formando milhões de pessoas que poderão viver na absoluta miséria, sem benefícios do INSS na velhice.

E a informalidade não para de crescer no país. Sem geração de empregos minimamente decentes, os brasileiros buscam nos uber, ifoods e em vendas de doces e balas nos sinais de trânsito, meios precários de sobrevivência. Das 3.480 milhões de vagas criadas  em um trimestre, 2.387 milhões foram ocupações informais. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada na última quarta-feira (27), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Economia e Estatística).

“É uma recuperação aparente do mercado de trabalho que esconde a precariedade de ocupações sem direito a nada. Este é o Brasil que a burguesia e o atual governo querem, com exploração cada vez maior do trabalho para elevar os lucros das empresas. Uma covardia”, disse a diretora da Secretaria de Imprensa do Sindicato dos Bancários do Rio, Vera Luiza. Nos meses de junho, julho e agosto, a taxa de informalidade chegou  41,1%, com 37,099 milhões de trabalhadores.

 

Empresas não assinam carteira - Do total de brasileiros na informalidade, 10,791 milhões atuaram no setor privado sem carteira assinada,uma alta de 10,1%, número alarmante revelando que, cada vez mais, as empresas não garantem os direitos trabalhistas de seus empregados. São 987 mil a mais do que no trimestre anterior (março, abril, maio).

A criação de empregos sem carteira assinada no setor privado cresceu 23,3% criando 2,036 de vagas sem direitos trabalhistas e sem garantia de tempo para a aposentadoria.

 

Bicos

Já 1,036 milhão de pessoas a mais no trimestre passaram a se virar com trabalhos por conta própria. Em relação aos números de um ano antes, há 3,888 milhões a mais de pessoas nesta situação, totalizando 25,409 milhões, recorde desde 2012,quando teve início a série histórica da Pnad Contínua.

As ruas das grandes e médias cidades confirmam os números. É cada vez maior o número de camelôs nas calçadas, muitas vezes em frente às lojas comerciais, gerando tensão e conflitos, em que os trabalhadores informais se viram para não serem pegos pela guarda municipal para não terem suas mercadorias apreendidas. O lado dos lojistas, que pagam impostos e alugueis caros também precisa ser levado em consideração na pior crise econômica e social do Brasil desde a implantação do Plano Real.

 

Trabalho precário

 

Lembra das promessas do então ministro da Fazenda do governo Temer de que a reforma trabalhista, que retirou direitos e abriu a porteira para a terceirização e trabalho informal iria gerar milhões de empregos? Não gerou empregos formais, mas elevou o número de trabalhadores no mercado informal, sem nenhum direito trabalhista e previdenciário. A mesma promessa foi feita pelo ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, para aprovação da reforma da Previdência, que reduz o valor médio de aposentadorias e pensões e fará os brasileiros trabalharem mais tempo. E o pior: de cada R$100 que o governo federal economizou com as mudanças nas regras para a aposentadoria pelo INSS, R$70 é de quem ganha até dois salários mínimos. Os privilegiados, militares, juízes e políticos continuam com gordas aposentadorias e com muito menos tempo na ativa.

 

 

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