Terça, 19 Outubro 2021 23:35

Estado de exceção no Equador acende luz amarela no Brasil quanto ameaça à democracia

Presidente Guillermo Lasso põe militares e policiais nas ruas 24 horas por dia. Medida tem como alegação o combate à violência e vale por 60 dias
O presidente do Equador Guillermo Lasso e o do Brasil, Jair Bolsonaro ameaçam a democracia na América Latina O presidente do Equador Guillermo Lasso e o do Brasil, Jair Bolsonaro ameaçam a democracia na América Latina

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, decretou, na última segunda-feira (18), estado de exceção em todo o país. A justificativa é o aumento dos índices de criminalidade devido ao narcotráfico. Militares e policiais estão patrulhando as ruas 24 horas por dia.

Lasso assumiu o cargo em maio e disse em coletiva à imprensa que "nas ruas do Equador só existe um inimigo: o narcotráfico", e que, "nos últimos anos, o Equador passou de país de tráfico de drogas a um país que também as consome".

Democracia instável

Válida por 60 dias, a medida do candidato de direita pode esconder o temor do governo de protestos populares contra a política econômica de arrocho salarial e a crise no país. A explosão da violência e o fortalecimento do tráfico de drogas são inegáveis, mas o governo pode estar se aproveitando do contexto para restringir o estado democrático de direito e a liberdade de expressão e manifestação.

Casou estranheza também, o fato de o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken ter se apressado em anunciar, nesta terça-feira (19), que o presidente equatoriano, um banqueiro de direita, prometeu “respeitar os princípios democráticos”. O histórico da Casa Branca de apoiar golpes civis e militares na América Latina aumentam a suspeita em relação à posição do governo norte-americano e sua suposta preocupação com o respeito à democracia no Equador.

De olho no Brasil

O estado de emergência no Equador acende a luz amarela no Brasil. Por diversas vezes, o presidente Jair Bolsonaro ameaçou decretar um estado de exceção similar em manifestações com ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal), tendo recuado após insuflar protestos contra as instituições democráticas nas comemorações do dia 7 de setembro, em Brasília e em São Paulo. Ficou a sensação de que o presidente brasileiro não apenas simulou os atos públicos para agradar seus eleitores mais fanáticos, mas testou a solidez da democracia no país, no entanto, não recebeu o apoio esperado de parte do alto escalão da caserna para uma aventura ditatorial. De qualquer forma, a sociedade brasileira precisa abrir o olho. Estados de exceção podem ser instrumentos para impedir protestos populares contra o governo e um passo a mais para um golpe contra a democracia. E com a popularidade derretendo, a insanidade bolsonarista pode arriscar um golpe de estado.

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