Segunda, 11 Outubro 2021 22:35

Corte de 90% das verbas da ciência representa o fim da pesquisa no Brasil

Carlos Zani, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio e funcionário da Finep, avalia que decisão do governo pode fazer país retroceder para antes dos anos 30
A pandemia da Covid-19 mostrou ao mundo a relevância do investimento em pesquisa, inovação e ciência. Para o governo negacionista, a área não tem valor A pandemia da Covid-19 mostrou ao mundo a relevância do investimento em pesquisa, inovação e ciência. Para o governo negacionista, a área não tem valor

A pandemia da Covid-19 mostrou ao mundo a importância da pesquisa científica. O Brasil teria tudo para produzir suas próprias vacinas que já foram criadas por universidades brasileiras, mas o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro impediu. Países infinitamente mais pobres, como Cuba, já produziram suas próprias vacinas para imunizar a população.

No campo econômico, não há como haver desenvolvimento sustentável sem o domínio do conhecimento. Esta realidade é compreendida por governos do mundo inteiro. Não para o presidente Jair Bolsonaro. O governo brasileiro anunciou, através do Ministério da Economia, um corte de 90% (R$600 milhões) nas verbas para a ciência. Por mais maluco que possa parecer, o governo alega que “precisa de dinheiro para garantir carros pipas para a região do nordeste” em função da crise hídrica.

Não é falta de dinheiro

Num país que não falta verba para parlamentares apoiarem o governo no Congresso Nacional e não votar o impeachment de Bolsonaro e o Ministério do Meio Ambiente anistia multas de crimes ambientais, certamente não é falta de dinheiro.  

Ministro reclamou

O próprio ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, criticou o corte em seu Twitter: “Falta de consideração. Os cortes de recursos sobre o pequeno orçamento de Ciência do Brasil são equivocados e ilógicos. Ainda mais quando são feitos sem ouvir a Comunidade. Científica e Setor Produtivo. Isso precisa ser corrigido urgentemente”, desabafou. A declaração fez o ministro levar uma bronca do chefe, o presidente Bolsonaro, que não aceita críticas nem de aliados.

“Não é novidade para ninguém de que o Brasil está passando por um processo de destruição sem precedentes. Parece que a intenção é levar ao que era o nosso país antes da revolução de 1930. Alguém já disse que a burguesia parece querer transformar o nosso país numa fazenda gigantesca com uma bolsa de valores secundária no meio para inglês ver”, critica Carlos Zani, diretor do Sindicato do Sindicato dos Bancários do Rio e Funcionário da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), empresa pública que financia o desenvolvimento científico e tecnológico, da pesquisa básica e aplicada ao fomento da produção inovadora.

 

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