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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Imprensa SeebRio
Em mais uma fala que demonstra despreparo diante de uma realidade mundial de retorno ao fortalecimento do setor público, dada a sua importância econômica e social, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira (27) que o plano do governo em dez anos é o de privatizar as empresas estatais de maneira irrestrita, incluindo a Petrobras e o Banco do Brasil. Naturalmente pretende entregar estas empresas estratégicas para os grupos privados nacionais e estrangeiros que o colocaram no cargo, mesmo sendo o mais provável que não continue ministro após as eleições de 2022.
Defendeu, ainda, a privatização total da Previdência, como fez o ditador Augusto Pinochet no Chile na década de 1980, deixando milhões sem se aposentar e enriquecendo os bancos administradores do dinheiro pago pelos trabalhadores e depositados em contas individuais, sem a contribuição do empregador, na chamada capitalização. “Se você pergunta: o que você gostaria de fazer nos próximos 10 anos? Mudar o regime previdenciário para capitalização. O Brasil vai crescer 5% ao ano, em vez de crescer 2%, 3%”, disse o ministro, num delírio falastrão que beira à insanidade, já que as pesquisas são unânimes em confirmar a derrota de Bolsonaro em 2022, e pelo fato incontestável de que todas as reformas e a política econômica ultraliberal do próprio Guedes só serviram para colocar o Brasil no buraco.
O ministro ainda acrescentou: “Qual o plano para os próximos dez anos? Continuar com as privatizações. Petrobras, Banco do Brasil, todo mundo entrando na fila, vendido e isso sendo transformado em dividendos sociais”, vociferou.
Lacaio do setor privado
O presidente do Sindicato, José Ferreira, acha estranho que Guedes fale em plano para os próximos dez anos e na privatização do Banco do Brasil. “Nosso plano é que ele deixe de ser ministro ainda esse ano. Por isso convocamos os colegas do BB a se juntarem aos demais trabalhadores na passeata e ato no próximo sábado pelo Fora Bolsonaro e Paulo Guedes”, convocou.
A diretora do Sindicato e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), Rita Mota, lembra que a fala do ministro está vinculada ao projeto golpista de Michel Temer, do MBD, chamado ‘Ponte para o Futuro’, que visa atender às grandes corporações com interesse em adquirir estas empresas extremamente lucrativas. “Não faz sentido que o Brasil se desfaça de empresas deste porte, altamente lucrativas e que geram dividendos para a União. Estas empresas são do interesse do país: os bancos, para o desenvolvimento, para a infraestrutura, para a agricultura, e a Petrobras, fundamental para a questão energética e tecnológica. Ou seja, Guedes está agindo para favorecer o setor privado, é simples assim”, afirmou.
Para o secretário de Relações do Trabalho da Contraf-CUT, Jeferson Meira, é assustador que um megaespeculador como Paulo Guedes, que classificou como lacaio do deus mercado, ocupe um cargo tão estratégico e importante no Estado, sendo pago com dinheiro público para impor esta política entreguista. Na avaliação do dirigente, Guedes é o espelho do governo Bolsonaro que ameaça funcionários públicos concursados, destrói e vende as empresas públicas a preço de banana, diminuindo o tamanho do Estado mas se beneficiando dele.
“Esse governo foi eleito com essa agenda de privatização e os bancos públicos são as meninas dos olhos do banqueiro Paulo Guedes. Os privatistas sabem da importância das empresas públicas e, sobretudo dos bancos públicos como financiadores do desenvolvimento do país e do retorno que estes bancos dão à União. Mas para Bolsonaro e seu ministro banqueiro o que interessa é privatizar para dar ainda mais lucro aos bancos privados”, disse.
Economia no buraco
Graças à política econômica entreguista de Guedes, o país vive uma de suas maiores crises econômicas e sociais. A inflação já chega a 10% e o desemprego está acima dos 14 milhões. As expectativas de crescimento econômico no ano que estão abaixo dos 2%. A instabilidade política aumenta ainda mais a crise econômica, produzindo uma intensa e crescente fuga de capitais.
Na última semana, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (PCA) quebrou um recorde de 21 anos para meses de agosto e chegou a 9,86% no acumulado de 12 meses. E a única saída apontada por Guedes é aumentar a taxa básica de juros, a Selic, retirar mais direitos, impor mais privatizações, inclusive a entrega de todo o serviço público a empresas privadas, através da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32, a chamada reforma administrativa.