Terça, 21 Setembro 2021 14:13

No Dia da Árvore, Bolsonaro mente na ONU sobre desmatamento, covid e economia no Brasil

Presidente envergonha o país negando a verdade sobre o que acontece aqui Presidente envergonha o país negando a verdade sobre o que acontece aqui

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

No Dia da Árvore, comemorado nesta terça-feira (21/9), o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez mentiu na abertura da 76ª Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, envergonhando o país. Em cerca de 12 minutos, atacou a imprensa, passou informações falsas e fora de contexto sobre o combate ao desmatamento na Amazônia, enalteceu as manifestações de 7 de setembro, e insistiu em práticas equivocadas de combate à pandemia de covid-19, com críticas ao lockdown e apoio ao tratamento precoce sem comprovação científica.

“Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior. Qual país do mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa?", mentiu descaradamente: o desmatamento aumentou. O dado foi apresentado sem contexto, já que o percentual é quase o dobro do registrado entre janeiro e agosto de 2018, antes do início da sua gestão, de 3.336 km².

Durante o discurso, Bolsonaro omitiu que entre agosto de 2019 e julho de 2020 a exploração de madeira na Amazônia foi quase três vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Ao menos 11% da exploração ocorreu em áreas protegidas.

Cida Souza, diretora da Secretaria de Meio Ambiente do Sindicato, condenou as declarações feitas por ironia, no Dia Nacional da Árvore. Lembrou que a data é um momento de reflexão. “É para que compreendamos a importância das árvores e florestas e dos serviços que o ecossistema nos dá”, afirmou E citou exemplos. “Conservar as árvores e florestas traz benefícios locais como sombra, regulação do clima local, absorção de água, mas também possui benefícios globais como sequestro de carbono, proteção de animais e recurso genético para pesquisas científicas.

Bolsonaro disse que com seu governo não há casos de corrupção, mesmo sendo ele mesmo e sua família alvos de diversos investigações, como compra de casa de R$ 6 milhões em Brasília, o escândalo da rachadinha e compra de vacinas da covid-19 com propina e superfaturamento. Sem apresentar fontes, falou de um "novo Brasil", com a "credibilidade recuperada". No entanto, um ranking da própria ONU, divulgado em junho, mostrou que o investimento estrangeiro no Brasil em 2020 despencou para níveis de 20 anos atrás, diante da dificuldade de controlar a pandemia de covid-19 e das incertezas sobre os rumos econômicos e políticos do país.

Bolsonaro insistiu sobre erros no combate à pandemia de coronavírus. A outros chefes de Estado, ele voltou a criticar o lockdown, medida já comprovada como eficaz pela ciência, e a defender o tratamento precoce, uma solução oposta, não recomendada internacionalmente. “As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo”.

Ao contrário do que disse Bolsonaro, a alta do preço da comida no Brasil não tem relação com o combate à doença, mas com fatores como a política da Petrobras para combustíveis, a valorização do dólar e questões climáticas que prejudicaram a produção de energia elétrica e a agricultura.

Mídia