Segunda, 20 Setembro 2021 20:36

Para os bancos, o lucro vale mais que a vida

Bancos pressionam pelo retorno ante a explosão de casos das variantes da Covid-19
O retorno ao trabalho presencial preocupa os bancários e o  Sindicato só aceita a volta quando houver segurança O retorno ao trabalho presencial preocupa os bancários e o Sindicato só aceita a volta quando houver segurança

No primeiro trimestre de 2021, o número de desligamentos por morte no setor financeiro saltou 114,6% em relação ao mesmo período de 2020, acima da média na variação dos demais trabalhadores: 106,7% na educação, 95,2% entre os profissionais de transporte, armazenagem e correios, 78,7% nas atividades administrativas e serviços complementares e 75,9% no setor de atenção à saúde. Os números são do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

E agora, sem negociar com os bancários, os bancos pressionam os funcionários a voltarem ao trabalho presencial. “Mesmo diante de números assustores nesta pandemia e com a explosão das variantes da Covid-19, como é o caso da Delta no Rio de Janeiro, os bancos parecem insistir em colocar os lucros acima de tudo, até mesmo da vida. É preciso negociar o retorno ao trabalho presencial e garantir uma volta com segurança, quando pelo menos 70% da população brasileira estiver vacinada com as duas doses necessárias, segundo recomendam os especialistas”, alerta o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira. Até sexta-feira (17), último dado divulgado pelo Ministério da Saúde, o Brasil estava com apenas 37,53% da população completamente imunizada. O Sindicato pede aos bancários que denunciem à entidade qualquer forma de pressão para o retorno, abuso ou irregularidade cometida pelos bancos. Os telefones são: 2103-4121/4124/4172 (bancos privados); 2103-4122/4123 (bancos públicos) ou 2103-4150/4151/4106 (Secretaria de Saúde).

Banco do Brasil - O Banco do Brasil divulgou um comunicado interno na quinta-feira (15) passada, informando que as funcionárias e funcionários que estão em home office, e não pertencem ao grupo de risco, poderão retornar ao trabalho presencial de forma opcional a partir do dia 20 de setembro. O “convite”, na prática, é um constrangimento para os bancários e sem nenhuma negociação com a Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB) e os sindicatos.

Caixa - O Sindicato recebeu várias denúncias de que o banco está chamando para que os empregados retornem e com um agravante: inclusive o pessoal de grupo de risco (desde que o bancário registre que “quer voltar”). A volta é para quem apresentar as duas doses ou dose única contra a Covid-19 considerando a imunização completa.

Itaú - O banco quer o retorno de todos os empregados a partir do dia 4 de outubro deste ano, inclusive pessoas com comorbidade, como obesos, diabéticos e trabalhadores de mais de 60 anos. A única exceção seriam as gestantes. O comunicado do Itaú diz ainda que o bancário poderá retornar já no próximo dia 20 de setembro, mas o retorno é “voluntário”.

Bradesco - O banco está ligando para todos os funcionários, através do Viva-Bem, setor da área de saúde do banco, para saber se o funcionário tomou as duas doses e tem ou não comorbidade. Quem está completamente imunizado e não tem comorbidade, não tem doença grave, o Bradesco está chamando a retornar e exigindo novos exames para quem tem comorbidade.

Santander - O banco espanhol foi o primeiro a anunciar a volta ao trabalho presencial. Já havia anunciado, em agosto, o retorno dos trabalhadores que estão em home Office, nos prédios e setor administrativo. Quem está em comorbidade continua em casa.

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