Sexta, 17 Setembro 2021 17:36

Capitão Lamarca: o militar que deu a vida contra a ditadura e a desigualdade

CORAGEM SEM LIMITES - O capitão Carlos Lamarca ensina uma bancária que participou da luta armada contra a ditadura militar. O dinheiro de assaltos a bancos eram utilizados para comprar armas e alimentação para os guerrilheiros CORAGEM SEM LIMITES - O capitão Carlos Lamarca ensina uma bancária que participou da luta armada contra a ditadura militar. O dinheiro de assaltos a bancos eram utilizados para comprar armas e alimentação para os guerrilheiros

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Em tempos que o Brasil tem no Palácio do Planalto um capitão que, mesmo tendo sido eleito pelo voto em 2018, se volta contra a democracia e as instituições democráticas, como o STF (Supremo Tribunal Federal), provoca arroubos pedindo a volta da ditadura e recua covardemente, é preciso estudar quem foi o capitão do Exército Carlos Lamarca. Independentemente das divergências ideológicas que se possa ter, não há como deixar de reconhecer que Lamarca deu a sua vida contra a ditadura militar e pela causa de um país mais justo. Ambos foram mal vistos pelos superiores militares. O primeiro, tenente Bolsonaro, foi preso por fazer greve e tentar explodir o quartel para ter aumento em seus próprios salários. O ex-presidente General Ernesto Geisel, em entrevista numa biografia feita por historiadores, declarou que ele era um péssimo militar, que dirá político, quando o militar já era vereador do Rio. O outro, Lamarca, foi odiado a ponto de ser assassinado por causa de ações vitoriosas de sua guerrilha contra as Forças Armadas que feriram o orgulho dos generais e por ele ser um líder socialista. 

Quem foi

Carioca da gema, nascido no Morro de São Carlos, no Centro do Rio, Lamarca, formado na Academia das Agulhas Negras, em Resende (RJ), em 1969, desertou aos 32 anos do Exército para ser um dos protagonistas da guerrilha que combateu a ditadura militar. Numa ação extraordinária, comandou o grupo que levou 63 fuzis e metralhadoras de um quartel em Osasco, na região metropolitana de São Paulo.

Guerrilha bem-sucedida

O armamento desviado do quartel foi utilizado para as ações de guerrilha da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), o mais bem sucedido grupo guerrilheiro de combate ao regime militar que derrubou o governo popular e democrático de João Goulart, em 1964. A primeira tentativa de reação armada contra a ditadura ocorreu em 1966, por um grupo de sargentos do Exército, com apoio do ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que se encontrava exilado no Uruguai desde o golpe de 64. Embora tenha negado anos depois, o Exército suspeitava que Brizola teria atravessado a fronteira até o sul do país para ajudar ao primeiro movimento revolucionário, na região das montanhas do Caparaó, em Minas Gerais. Mas foi a VPR foi uma das mais exitosas ações da luta armada contra o regime.  

Ações e a morte

Uma das ações mais bem-sucedidas de Lamarca foi o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, em 1970, garantindo, em troca, a libertação de 70 presos políticos. O grupo realizou também assaltos a banco.

Lamarca conseguiu escapar de vários cercos do Exército, o que resultou num ódio dos generais do Exército, que o cassaram até assassiná-lo no dia 17 de setembro de 1970. Como no caso do lendário Che Guevara, líder da revolução socialista cubana, assassinado pelas tropas da Bolívia quando lutava pela revolução na América Latina, o Exército brasileiro e, por trás, os EUA, não queriam deixar o líder brasileiro vivo, pois ele representava uma ameaça ao regime e ao capitalismo no continente. Os militares conseguiram e o tiveram como um troféu, mas a história jamais apagará a coragem e as utopias do capitão Lamarca.   

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