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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Após o bolsonarismo viver momentos de histeria e êxtase, com os manifestantes acreditando que o presidente Bolsonaro iria decretar estado de sítio ou fechar o STF (Supremo Tribunal Federal) e a euforia ter tomado uma “ducha de água fria”, após o ex-presidente Michel Temer aconselhar e Bolsonaro a se desculpar com o ministro da Suprema Corte, Alexandre de Moraes, o Brasil volta a realidade. A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve alta de 0,87% em agosto, a maior para o mês em 21 anos, desde o ano 2000. Com isso, o indicador acumula altas de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses, acima do registrado nos 12 meses anteriores (8,99%). Em agosto do ano passado, a variação mensal foi de 0,24. Os índices caminham para os dois dígitos.
Índice para bancários
O índice que mede o reajuste dos bancários não é o IPCA, mas o INPC (índice Nacional de Preços ao Consumidor), que fechou em agosto com uma alta de 0,88%. A explosão inflacionária mostrou que os sindicatos da categoria e a Contraf-CUT acertaram na estratégia de firmar um acordo de dois anos.
Política econômica
O principal vilão da alta dos preços têm a ver com o fiasco da política econômica do ministro banqueiro Paulo Guedes: a alta dos combustíveis (gasolina, 2,8%, etanol, 4,5%, dieesel,1,79% e gás veicular, 2,06%), que repercutem no aumento dos alimentos. Os preços não causados pelo ICMS dos estados como afirmam as fake news do Governo Bolsonaro nas redes sociais, mas pela política da direção da Petrobras desde o governo Temer, que dolarizou a referência de preços, reduziu a produção nacional do refino de petróleo. Com isso, a importação bateu recorde na história com os preços sujeitos ao câmbio.
Uma “caneta bic” do presidente da República cessaria esta explosão na alta dos combustíveis dolarizados e acomodaria os preços, através do retorno à moeda nacional, o real, como referência e através do aumento da produção nacional, reduzindo as importações dos EUA, em dólar. A atual política de preços dos combustíveis também repercute nas altas dos alimentos.
Truque dos supermercados
Se os preços dispararam, os produtos diminuíram de tamanho, forma que os donos dos grandes supermercados encontraram para camuflar a inflação. É o caso do ovo. As embalagens de 30 unidades foram substituídas pelas de 20 com o mesmo preço ou até, em alguns casos, um pouco mais cara. Consumidores reclamam que chocolates, que estão vendidos com menos das 100g tradicionais e as caixas de bombons também encolheram, bem como embalagens de biscoitos.
O trabalhador paga a conta
As ameaças de Bolsonaro às instituições democráticas agravam a crise, mas os arroubos do presidente, como no sete de setembro, servem também para tirar a atenção da população antes do anúncio de uma nova má notícia para o trabalhador brasileiro. É como faziam os “bobos da corte” nos tempos dos reinados. O certo é que quem sofre é a população, que paga cada vez mais caro por alimentos e combustíveis e vê seu salário perder o poder de compra.
Ninguém aguenta mais.