Quinta, 09 Setembro 2021 18:29

Crise política gerada por tentativa de golpe de Bolsonaro agrava ainda mais a crise econômica

Inflação, desemprego e estagnação econômica tendem a se agravar com a crise política criada pelo governo Inflação, desemprego e estagnação econômica tendem a se agravar com a crise política criada pelo governo

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

O governo Bolsonaro está, literalmente, jogando o Brasil numa das maiores crises das últimas décadas. A ameaça de golpe, declarada publicamente por diversas vezes pelo presidente da República, tem tido efeitos dramáticos também sobre uma economia que já vinha sofrendo as consequências perversas da política econômica equivocada e da pandemia do novo coronavírus.

Insuflados por Bolsonaro, setores do agronegócio apoiam e financiam a tentativa de golpe que avançou no dia 7, com as concentrações de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. E que prossegue com movimentações que seguem a orientação de Bolsonaro, como a tentativa de invasão da Praça dos Três Poderes, nesta quarta-feira (8/9), em Brasília.

“O Brasil vive um processo político que, ao que parece, não acabou em 7 de setembro e segue se arrastando com novas movimentações. E isto acontece no meio de uma crise econômica que também vai se acelerando. Nesta quarta-feira (8/9), a Bolsa (de Valores) caiu 4%, o dólar oficial se aproximou de US$ 5,33, o dólar subindo terá impactos sobre a inflação que já está acelerada. É uma conjunção de fatores bem complicada”, alertou o economista Adhemar Mineiro, ex-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Somada a isso, lembrou, o país vive uma crise de saúde com o coronavírus, uma crise política que vai se tornando aguda e uma crise econômica que vai se acelerando. “O quadro é bastante complicado e não se vê, neste momento, nenhuma saída”, lamentou. Acrescentou que a Presidência, com as movimentações que tem feito, tenta criar uma cortina de fumaça para encobrir a crise sanitária e econômica sobre as quais tem responsabilidade pelo agravamento.

Depois dos atos no Dia da Independência, na quarta-feira (8/9) a situação teve desdobramentos com mais de cem caminhões ocupando a Esplanada dos Ministérios para pressionar pela derrubada das grades que impediam o acesso ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Congresso Nacional. E, nesta quinta, bloqueios com caminhões em estradas de Santa Catarina.

Toda esta movimentação foi insuflada por Bolsonaro e seus seguidores, com amplo apoio financeiro de empresas do agronegócio de Goiás, Santa Catarina e São Paulo. A maioria dos caminhões estacionados no canteiro central e nas vias da Esplanada dos Ministérios trazia a identificação delas.

Estas atividades fazem parte da tentativa de Bolsonaro de impor ao país um autogolpe. “A política de confronto de Bolsonaro tem assumido cada vez mais uma afronta à democracia e seus valores fundamentais, como a coexistência das diferenças. E essa política terá prosseguimento contando ele com grupos capazes de criar embaraços aos poderes da República”, afirmou o cientista político Lincoln Penna, autor do livro “O capitão, o cabo e o capitalismo” que compara as trajetórias de Jair Bolsonaro, Adolf Hitler e como ambos são instrumentos do capitalismo e sua opressão sobre os trabalhadores.

Para Lincoln, os atos e as falas de Bolsonaro mostram desespero com seu isolamento crescente, inclusive entre os grandes grupos econômicos que derrubaram a ex-presidente Dilma Roussef, tornaram Lula inelegível e apoiaram Bolsonaro, aumentando a possibilidade de seu impeachment. “E faz isto, sabedor, a essa altura, que os representantes das velhas e novas classes dominantes estão procurando os meios adequados para removê-lo da Presidência da República, porquanto seu papel já foi cumprido, que era o de impedir a permanência do governo petista. O desespero tomou conta de sua postura altaneira”, afirmou.

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