Quinta, 09 Setembro 2021 16:49
CAMPANHA ILEGAL

Procurador pede ao TCU afastamento dos presidentes do BB e da Caixa

Lucas Furtado apresentou representação para que o tribunal investigue o uso político dos bancos públicos

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Que o presidente Jair Bolsonaro não tem limites para tentar garantir a sua reeleição ou mesmo tentar um golpe contra a democracia para continuar no poder o mundo inteiro já sabe. Mas o governo federal tem usado e abusado em utilizar a máquina pública para fins eleitoreiros. Numa reação contra esta ilegalidade, o procurador Lucas Furtado apresentou uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo o imediato afastamento dos presidentes da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães e do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro, por suposto uso político das instituições públicas no episódio do manifesto da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos). As diretorias dos dois bancos ameaçaram se desligar a federação do setor por não aceitar o manifesto que defende a harmonia dos poderes e, na prática, critica os arroubos do presidente Bolsonaro e as manifestações contra a democracia. O presidente da República disse que “não cumprirá” decisões do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, uma apologia da desobediência civil e da ruptura institucional.

Campanha antecipada

No pedido, o procurador alega que os diretores da Caixa e do BB “demonstraram que o motor das decisões tomadas na condução das instituições que dirigem possui forte víeis político, em afronta ao esperado zelo pelo interesse público e não do governo de plantão”.

“O atual presidente não trabalha pelo Brasil. Quanto mais ele faz campanha para seu nicho eleitoral, ameaçando a democracia, mais a crise se aprofunda, paralisando a retomada do crescimento econômico, já inviabilizada pela política econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes. É inaceitável o uso dos bancos públicos para ações políticas que atendem às pretensões eleitorais do Bolsonaro. O BB e a Caixa são do país, não deste governo genocida”, critica o diretor do Sindicato, Paulo Matiletti.

Deputada pediu investigação

Em julho deste ano, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) fez vários requerimentos, por meio da Câmara, se Jair Bolsonaro e Paulo Guedes vêm utilizando recursos da Caixa para promover antecipadamente a candidatura do presidente à reeleição. No centro da desconfiança da parlamentar estão o presidente do banco, Pedro Guimarães, e o locutor de rodeios Cuiabano Lima.

Guimarães viaja o Brasil para conhecer e inaugurar unidades da instituição ao mesmo tempo em que prometeria investimentos a empresários locais, numa atuação conjugada com Bolsonaro. Guedes levantou a possibilidade de Guimarães compor a chapa bolsonarista em 2022.

Cuiabano Lima, por sua vez, participou de um ato pró-Bolsonaro em maio deste ano, após ter sido contratado para estrelar uma propaganda da Caixa sobre o auxílio emergencial.

Incerteza agrava a crise

Os protestos bolsonaristas no sete de setembro resultaram em reações negativas no mercado financeiro com mais fuga de capitais, problema que se tornou uma constância no governo Bolsonaro. Com as incertezas quanto à estabilidade democrática, os investidores buscam mercados mais seguros.

Não é por acaso que, aliado a uma política econômica desastrosa do ministro Paulo Guedes, os conflitos criados por Bolsonaro contra as instituições democráticas têm aprofundado a desindustrialização no país e a crise econômica, que afeta todo o setor produtivo, exceto o agronegócio que ganha rios de dinheiro com a alta do dólar e das commodities e, como sempre, os bancos, que impõem aos brasileiros os maiores juros do planeta.

Montadoras como a Ford, que migrou para a Argentina, fecharam as portas no Brasil. A venda de carros caiu 23% no primeiro trimestre deste ano. A Mercedes-Benz e a Audi também suspenderam a fabricação de veículos no Brasil. A recessão atinge ainda mais as indústrias nacionais. Em 2019, primeiro ano do atual governo, o país terminou o ano com 306 mil fábricas a menos, com 7,6 milhões de desempregados. Neste mês, em Petrópolis, região serrana do Rio, foram fechadas as fábricas de água mineral Minalba/Indaiá e da marca Petrópolis. Esta última funcionava há 50 anos na cidade imperial.

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